Bob Dylan chega aos 79 em vias de lançar novo álbum

Bob Dylan, durante apresentação em 2012 - Foto: Reprodução

Completando 79 anos neste domingo (24), Bob Dylan não para. Exceto em momentos dos anos 1970 e 1980, ele nunca parou. E desde que lançou o aclamado Acústico MTV, seu ritmo ficou ainda mais incessante, dando o pontapé inicial para uma nova sequência de álbuns extraordinários, dos melhores de uma carreira que já era monumental. “Time out of mind” (1997), “Love and theft” (2001) e “Modern times” (2006). Agora mesmo está prestes a lançar um novo álbum em junho, “Rough and Rowdy Ways”, com faixas já disponíveis nas plataformas digitais. Os rumores já vinham desde março passado, quando lançou “Murder Most Foul”, um faixa demolidora com duração de 17 minutos inspirada no assassinato de John Kennedy em 1963, que você ouve aqui:

Muito jovem, Bob Dylan já tinha chegado ao Olimpo da música: antes dos 25 anos já tinha composto clássicos eternos. Fortemente influenciado pela literatura beat de Jack Kerouac (decisivo em sua vida), Allen Ginsberg, William Burroughs e outros nomes, além da paixão pelo trabalho do trovador Woody Guthrie, ele foi a voz libertária da América na década de 1960 – e, mesmo que involuntariamente, de protesto. Inspirou um sem-número de grupos com forte pegada country, venceu a batalha contra seu linchamento pelo uso da guitarra, influenciou nada menos do que os Beatles.

Bob Dylan nos anos 1960 - Foto: Reprodução
Bob Dylan nos anos 1960 – Foto: Reprodução

Como todo grande artista que produz intensamente e se expõe, teve momentos menos inspirados, discos menos aplaudidos, mas manteve sua integridade artística e coerência. Continuou fazendo o que quis, reconquistou o topo do mundo e, nos últimos anos, divertiu-se a valer regravando clássicos do cancioneiro estadunidense em três álbuns na década, dentre eles “Triplicate” (2017) que, conforme o próprio nome diz, é triplo. O mais sensacional de tudo é perceber que, ao regravar faixas consagradas de outros autores/artistas, Dylan as tornou próprias. Você tem a impressão sincera de que as músicas são dele.

É impossível falar de Bob Dylan apenas numa coluna. Nem um livro é suficiente. O melhor resumo talvez seja dizer que se trata de uma das maiores personalidades do século XXI e, hoje, o maior artista estadunidense vivo em qualquer área de atuação. A seu favor pesa o fato de ser o único artista do planeta a ter conquistado o Prêmio Nobel de Literatura, mais o Pulitzer, o Oscar, o Grammy e o Globo de Ouro. Contra os fatos, não há argumentação: é um pentacampeão mundial.

Dylan disse que saiu de casa quando leu “On the road”, de Jack Kerouac. Muita gente fez isso na mesma época, mas nem o próprio Kerouac poderia imaginar o tamanho mundial que um de seus leitores ganharia. O mesmo garoto que escreveu
hinos eternos como “Blowin’ in the Wind”, “The Times They Are a-Changin’”, “Lay, lady, lay” e “Knocking on heaven’s door” é o mesmo que já andou sozinho e incógnito por Copacabana quando se apresentou no Rio, e o mesmo que, depois de 60 anos de carreira, ainda é capaz de entreter plateias pelo mundo afora com a sua “Neverending Tour” e, também, de lançar novos e instigantes álbuns. O fim do isolamento por conta da pandemia promete para o maior trovador da história.

One thought on “Bob Dylan chega aos 79 em vias de lançar novo álbum

  1. Bob Dylan é tão incrível que ele poderia se sobrepor aos fatos. Problema dos fatos. Ele é Bob Dylan.
    Parabéns pelo texto, Paulo Roberto Andel. Claro o bastante para mostrar que Dylan merece aplausos e estudos a respeito de sua personalidade enigmática.

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