Chick Corea morre aos 79 anos

Chick Corea, uma das lendas do jazz contemporâneo, morreu na terça-feira aos 79 anos, mas a notícia só anunciada ontem. O pianista foi vítima de um tipo raro de câncer diagnosticado tardiamente. “O mundo precisa de mais artistas”, disse antes de morrer.

Chick Corea com os colegas de Return to Foverer, em imagem de 1976 - Foto: Reprodução
Chick Corea com os colegas de Return to Foverer, em imagem de 1976 – Foto: Reprodução

Ao longo da carreira, que durou mais de 50 anos e que foi reconhecida com dezenas de premiações, incluídos 23 Grammys Corea gravou dezenas de discos nos mais variados tipos de formações que liderou. Soma-se á sua vasta discografia seu trabalho em bandas como o grupo de fusion Return To Forever pelo qual passaram músicos como o guitarrista Al Di Meola, o saxofonista Joe Farrell e o baixista Stanley Clarke e célebres parcerias com monstros do jazz como Miles Davis, Stan Getz, Joe Henderson, John Patitucci, Wayne Shorter, entre outros. Ouça aqui o emblemático álbum “Live – Electric Lady Studio, NYC”, uma performance ao vivo de junho de 1975:

A notícia da morte do lendário músico foi dada através de um comunicado publicado no site oficial do artista e em suas contas nas redes sociais. “É com uma grande tristeza que anunciamos que em 9 de fevereiro, Chick Corea faleceu. Tinha 79 anos e foi vítima de um tipo de câncer raro que só foi descoberto muito recentemente”, informa o comunicado.

“Durante a sua vida e carreira, Chick saboreou a liberdade e a diversão que tinha em criar algo novo. (…) Era um marido, um pai e um avô amado e um grande mentor e amigo para tantos. Através do seu corpo de trabalho e das décadas que passou a fazer turnês pelo mundo, tocou e inspirou a vida de milhões de pessoas”, prossegue a nota oficial.

O texto traz ainda um pedido da família para que se respeite “a sua privacidade durante este difícil momento de perda”, é ainda apontado que “embora ele fosse o primeiro a dizer que a sua música dizia mais do que as palavras algumas vezes poderiam dizer, tinha ainda assim uma mensagem para todos aqueles que conhecia e amava e para todos aqueles que o adoravam”.
A nota traz ainda uma mensagem do músico, em tom de despedida. “Quero agradecer a todos aqueles que ao longo do meu percurso ajudaram a manter a chama da música acesa. É minha esperança que todos aqueles que têm uma intuição e inclinação para tocar, compor, atuar ou qualquer outra coisa o façam. Se não o fizerem por vocês, façam-no pelo resto de nós. Não só o mundo precisa de mais artistas como também é mesmo muito divertido”.

“E para os meus amigos músicos que têm sido como uma família para mim desde sempre: tem sido uma bênção e uma honra aprender com todos vocês e tocar com cada um de vocês. Minha missão foi sempre levar a alegria da criação a todos os lugares e tê-la cumprido com artistas que admiro tão profundamente foi a grande riqueza da minha vida”, continua.

Nas últimas décadas, poucos instrumentistas obtiveram o impacto, o reconhecimento e a capacidade de inovar e inventar novas estéticas jazzísticas quanto Chick Corea. Seu nome consta numa seleta relação de pianistas da qual fazem parte Herbie Hancock, McCoy Tyner, Keith Jarrett e Bill Evans. Mas Corea, também compositor e ocasionalmente percussionista, notabilizou-se pela criatividade.

Chick Corea e Miles Davis, seu mentor na linguagem do jazz fusion - Foto: Reprodução
Chick Corea e Miles Davis, seu mentor na linguagem do jazz fusion – Foto: Reprodução

Referência na afirmação do jazz fusion, Corea foi precocemente influenciado por Miles Davis tanto que participou da gravação de álbuns essenciais para se entender essa linha jazzística que dialogou com o rock e outros ritmos: “In a Silent Way” (1969) e “Bitches Brew” (1970), entre outros.

Numa entrevista concedida há um ano, Corea recordava como Miles Davis o inspirou desde cedo: “O Miles foi o meu professor e mentor desde que o ouvi tocar em 1947, era ele então um jovem que fazia parte do quinteto do Charlie Parker. Acompanhei a sua carreira durante todos os discos a solo que fez até eu ter tocado durante dois anos e meio na sua banda, de 1968 a 1971”.

Foi ainda de Chick Corea a autoria de temas jazzísticas que são hoje reconhecidas como standards do gênero como “Spain”,  “Armando’s Rhumba”, de “500 Miles High” a “Windows”. Ouça aqui um de seus últimos trabalhos, o álbum “From Nothing: Piano Solo”, de 2016:

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