Choros para Alfredinho do Bip-Bip

Ao longo das últimas três décadas o bar Bip-Bip, em Copacabana, foi a casa do samba e do choro na Zona Sul do Rio de Janeiro. Apesar de suas dimensões reduzidas, menor que um quitinete, o amado boteco foi palco informal que proporcionou encontros memoráveis, muitos deles tido como improváveis, em noites inesquecíveis, que fazem parte de um belo capítulo da música brasileira. E tudo isso só foi possível graças ao dom de Alfredo Jacinto Melo, ou melhor, o Alfredinho do Bip-Bip, de juntar, agregar e acolher pessoas. Várias gerações de músicos e apreciadores foram formadas nas rodas lá formadas. E quanta história pra contar!

Passados dois meses de sua morte, vários músicos que fizeram parte dessa história reúnem-se nesta quarta e quinta-feira (8 e 9/5), às 19h, para uma necessária homenagem bum de seus palcos preferidos, a Casa do Choro. Ao longo de todo este tempo, dentro da melhor tradição do choro, Alfredinho e o Bip são homenageados em diversas músicas por inúmeros compositores. “Choros para Alfredinho” traz uma seleção dessas criações compostas por Mauricio Carrilho, Jayme Vignoli, Luiz Flavio Alcofra, Luciana Rabello, Paulo Aragão, Afonso Machado, Lucas Porto, entre outros. Na ocasião, será exposta no espaço de cultural e resistência da Rua da Carioca 38 a belíssima ilustração feita pelo músico Yuri Reis, radicado em Lisboa, em homenagem a Alfredinho. Trata-se da mesma imagem que ilustra este post, gentilmente autorizada pelo Yuri para o Na Caixa de CD.

Uma homenagem “orgânica”

“A homenagem ao Alfredinho, para nós, é algo orgânico. Estivesse ele ainda entre nós também seria homenageado com este show”, observa Luciana Rabello, gestora da Casa do Choro. O mesmo diz Paulo Aragão, um dos pais da ideia. “Temos o orgulho de dizer que somos crias do Alfredinho e do Bip, o que nos garante um DNA privilegiado em se tratando de choro e samba. Mesmo quando o gênero não estava tão alta, ali era o nosso pólo de resistência”, destaca.

Alfredinho, lembram os frequentadores do bar, recebia velhos conhecidos e gente que chegava ao Bip pela primeira vez absolutamente da mesma maneira, sempre deixando todos muito à vontade. E o que parecia ser o maior defeito daquele botafoguense boa gente, um certo mau humor, era na verdade sua virtude campeã pois, como todo pai que se preza, alguém tem de nos jogar umas verdades  na cara de vez em quando.

Rui Alvim e Pedro Paes (sopros), Marcílio Lopes e Pedro Aragão (bandolins), Jayme Vignoli (cavaquinho), Mauricio Carrilho, Paulo Aragão e Paula Borghi (violões) e Oscar Bolão (percussão) são os bambas escalados para o show, mas muitas surpresas devem acontecer. É escolher uma noite aparecer. E como o Alfredinho não perderia jamais uma reunião como essa, temos a certeza de que de alguma forma ele vai dar o da graça! Compre seu ingresso aqui.

Confiram no vídeo abaixo vários depoimentos sobre Alfredinho do Bip-Bip colhidos numa homenagem em 2014, quando o querido personagem completou 70 anos de vida e carioquice:

 

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