David Gilmour – 75 anos

Por Paulo Roberto Andel

Neste sábado, uma das maiores estrelas do rock celebra 75 anos de idade: David Gilmour, a voz e a guitarra inconfundíveis do Pink Floyd, uma das mais importantes contribuições para a arte no século XX. Mesmo com toda a importância que tem neste cenário, ninguém espera nada além da simplicidade de Gilmour.

É curioso que um dos maiores guitarristas da história do rock defina a si mesmo como alguém que toca mal, contrariando milhões de fãs pelo mundo afora. Não é charme, a se julgar pela insistência do músico neste quesito, mas é no mínimo uma afirmação muito contestável. Criador do som espacial na guitarra, David Gilmour está no imaginário roqueiro há quase 50 anos.

David Gilmour em seus primeiros anos de Pink Floyd, em substituição a Syd Barret – Foto: Reprodução

Outra curiosidade é ter sido o último integrante a chegar para o Pink Floyd, isso depois de ter sido modelo fotográfico. Primeiro, porque depois de alguns shows teve a missão de substituir ninguém menos do que Syd Barrett. Segundo, porque num intervalo de poucos anos, David Gilmour ajudou a moldar o som do Floyd exatamente como ele cativou a todos nós, somando o blues e o sideral nos acordes. O que teria sido do PF se as viagens ácidas não tivessem derrotado Barrett? E se David Gilmour não tivesse entrado para a banda? As especulações são muitas, mas é difícil imaginar o resultado.

Mesmo depois da grande batalha contra Roger Waters pelos direitos da banda, o Pink Floyd fez álbuns respeitáveis, como “A Momentary Lapse of Reason” (1987) e “The Division Bell” (1994), sucedido pelo magnético “P. U. L. S. E.” (1995), álbum ao vivo com a execução completa de “Dark Side of the Moon”. Desde então, o longo silêncio só foi quebrado com a breve e antológica participação no Live 8 em 2005, com direito a Waters em quatro faixas. Logo depois, o tecladista Rick Wright faleceu e sua merecida lápide veio com “The Endless River” (2014), o fim oficial do Pink Floyd num disco quase de ambient, com grandes solos de Gilmour cruzando trechos de Wright gravados para “The Division Bell”, mais uma única faixa cantada: “Louder than Words”.

Desde aquele Live 8, David Gilmour fez álbuns solo, gravou hits do Pink Floyd ao vivo, fez participação em shows de Roger Waters, pilotou seu avião (literalmente) e se manteve como um cavaleiro do Império Britânico.

Além disso, estima-se que contribuiu com centenas de milhões de dólares para causas sociais e filantrópicas. Definitivamente, um sujeito especial. Antes disso tudo, também produziu grandes álbuns numa sólida carreira solo, com destaque para os autorais “David Glimour” (1978) e “About Face” (1984), e colocou sua guitarra a serviço de outros artistas geniais. Lembra do solo final de “No More Lonely Nights”, de Paul McCartney? E de “Brother Where You Bound”, do Supertramp? Gilmour tatuou estes trabalhos com sua guitarra inconfundível.

Ainda se espera que, depois da pandemia, a estrela de David Gilmour volte a brilhar em grandes shows e pelo menos mais um grande álbum. Agora, se não acontecer, todos saberemos que uma das maiores e mais impactantes carreiras do rock teve pleno êxito. E neste sábado, às 21h30, o canal Bis exibe um especial com o modesto virtuose.

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