Dobradinhas+, uma ótima opção para este fim de semana… em casa

Dobradinhas+ Luiza Brina - Foto: José de Holanda
Luiza Brina – Foto: José de Holanda

Vai chegando o fim de semana e aquela necessidade… de permancer em casa! Neste sábado deixo uma dica para quem estava com saudades dos encontros musicais surpreendentes que o Festival Dobradinhas e Outros Tais promovia nas suas três edições, feitas na cara e na coragem entre 2013 e 2016. A jornalista Julianna Sá volta à carga para anunciar que, após cinco anos, vem aí o Festival Dobradinhas +, com transmissão gratuita via YouTube, a partir das 15h, no canal Dobra e Outros Desdobramentos. Além de competente em seu ofício, Julianna é uma curadora de mão cheia. Ouço atentamente cada indicação sua sobre novos artistas e creio que nossos gostos musicais têm uma grande proximidade.

 

Dobradinhas+ Ana Frango Elétrico - Foto: Divulgação
Ana Frango Elétrico – Foto: Divulgação

Serão quatro shows exclusivos e inéditos de cerca de 40 minutos com a curadoria de Julianna: Dora Morelenbaum e Luiza Brina + Aline Gonçalves; Juliana Linhares e Maíra Freitas + Diogo Gomes; Ana Frango Elétrico e Luís Capucho + Joana Queiroz; e Clara Anastácia e Joca + Rodrigo Maré. “É um formato que propõe a troca justamente no momento em que estamos vivendo um processo longo de isolamento”, adianta.

Adaptada aos novos tempos, esta edição digital vai trazer outra novidade: além da dupla de artistas – formato escalado em mais de 15 encontros realizados pelo festival até hoje -, haverá agora um instrumentista convidado para somar na sonoridade de cada apresentação.

Dobradinhas+ Diogo Gomes - Foto: Divulgação
Diogo Gomes – Foto: Divulgação

“O Dobradinhas cruzou as vozes em um repertório único, com canções dos artistas em formato intimista. Era preciso que, sem a banda, se resolvessem a dois. Agora, a dupla terá o suporte criativo de um músico, todos com um trabalho autoral de enorme relevância também”, destaca Julianna.

Na edição que vai ao ar neste sábado, a partir das 15h, serão quatro encontros que mesclam diferentes gerações e circuitos, mas que buscam sublinhar a linguagem que os artistas reunidos têm em comum. “A Dora Morelenbaum, a Luiza Brina e a Aline Gonçalves, por exemplo, possuem uma afinidade sonora imensa, quando pensamos nos arranjos. São três artistas que tem isso à frente do trabalho, guiando as canções”, comenta.

Outros encontros também trazem um aspecto desafiador para o arranjo a três. “Adoro como a poética do Capucho dialoga com a da Ana Frango Elétrico, mesmo com a distância etária entre eles, e todo o contexto que isso implicou em suas carreiras. Nesse sentido, achei que a Joana Queiroz seria um elo preciso entre eles, transitando muito bem pelos dois universos, e multiplicando isso tudo com o universo próprio dela”, acrescenta Julianna.

Dobradinhas+ Juliana Linhares - Foto: Milena Souza
Juliana Linhares – Foto: Milena Souza

“O Dobradinhas, como muitos projetos contemporâneos a ele, tem um traço de farol. Além de estimular a criação conjunta, também pesca artistas promissores, como a Letrux, que era ainda da banda Letuce e se apresentou como Letícia Novaes ao lado do César Lacerda na primeira edição. Letrux estourou três anos depois e o César já fez quatro discos lindos e foi gravado por Gal e Bethânia”, ilustra. “Arthur Nogueira e Ava, por exemplo, viraram parceiros na primeira temporada e foram recentemente gravados pela Fafá de Belém”, conta Julianna.

O próprio Arthur foi um que deu saltos quânticos nesse tempo. Passou a compor regularmente com o poeta Antonio Cicero e produziu o disco “Só” (2020), da Adriana Calcanhotto. Mahmundi é outra que só havia feito um EP na ocasião do Dobradinhas e agora possui três álbuns. Já o Castello Branco, que está para lançar o seu quarto disco, fez o primeiro show com
as canções do “Serviço” (2013), seu disco de estreia, no palco do Dobradinhas, em janeiro de 2014.

Julianna Sá gosta de dizer que o Dobradinhas é um festival de remapeamento da música e de afetos na cidade. Ela sempre escolhe um palco nada óbvio, como o terraço de uma forneria na Praça da Bandeira, a biblioteca de um bar no Largo São Francisco da Prainha, a varanda de um clube na Lagoa, durante uma feira de moda, para levar os encontros sonoros que idealiza. Dessa vez, a equipe de filmagem vai registrar tudo à sombra das árvores do quintal de um espaço de criadores, o B.Co Space Makers, no Santo Cristo.

O Dobradinhas+ será realizado pela primeira vez com recursos da Lei Aldir Blanc, através da Secretaria Municipal de Cultura
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