Duo Gisbranco celebra obra de Chico César

Passaros-Duo Gisbranco - Foto: Daryan Dornelles
Capa do CD 'Pássaros ao Vivo', do Duo Gisbranco
Capa do CD ‘Pássaros ao Vivo’, do Duo Gisbranco

Chico César despontou para o grande público em 1995 com o hit “Mama África”, que cantava com graça e poesia a rotina de uma mulher negra, mãe e trabalhadora. Até hoje suas apresentações reúnem um público que admira não apenas seu lirismo, mas sua poesia ativista e antenada com os itens da agenda de nossa sociedade. E firmou-se como grande compositor sendo gravado por Maria Bethânia, Gal Costa, Ana Carolina, Dominguinhos e muitos outros artistas. Além de compositor, é poeta com livros publicados e parte desta produção literária migrou do estado de poesia para a esfera musical no álbum “Pássaros” (2018), do Duo Gisbranco, formado por Bianca Gismonti e Claudia Castelo Branco, que musicou os poemas do paraibano.

Nesta pandemia, as pianistas foram contempladas por um edital da Lei Aldir Blanc para gravar um registro ao vivo do mesmo álbum e assim nasce “Pássaros – Ao Vivo”, que reúne seis poemas de Chico extraídos de “Pássaros”, três arranjos inéditos para canções do compositor, um arranjo de música instrumental (gravado anteriormente no CD ‘Flor de Abril’, de 2011, com a presença de Chico César) e uma música com participação do homenageado, anteriormente gravada em DVD.

“Quando soubemos da aprovação do edital ficamos felizes porque nesta gravação ao vivo poderíamos fazer algo diferente de “Pássaros”, que tinha uma instrumentação bem mais complexa e muitas participações especiais. E agora foi preciso voltar à formação de dois pianos e duas vozes, que foi exatamente como as músicas nasceram”, conta Cláudia, acrescentando que despir esses arranjos e voltar ao essencial não foi uma tarefa fácil.

Chico-César com Bianca Gismonti e Cláudia Castelo Branco - Goto: Divulgação
Chico César com Bianca Gismonti e Cláudia Castelo Branco – Goto: Divulgação

Além dos poemas musicados do álbum de 2018, as pianistas tiveram desta vez a oportunidade de trabalhar versões para músicas essenciais da obra de Chico César como “À Primeira Vista”, “Beradêro” e “Nato” (esta parceria com Tatá Fernandes).

“A gente conheceu o Chico em 2009 e ele se tornou fundamental em nossa vida. Participamos de shows dele e ele também retribuiu em apresentações nossas. Construímos um diálogo muito poético ele, que foi uma das pessoas que mais influenciou a gente dentro da canção, da composição e interpretação, do diálogo entre a voz e o instrumento numa linguagem que fizesse sentido pra gente”, destaca.

“Ter gravado esse álbum num ano, no meio da pandemia, foi um super ato de esperança na arte e de crença que a arte e o artista Chico César são sempre fonte de inspiração pra gente continuar vivendo e acreditando no Brasil”, reforça Bianca Gismonti. Abaixo, um clipe das meninas com Chico numa lindíssima versão para “Templo”, que não consta do álbum:

Em Chico César, jornalista por formação, é difícil separar o letrista do músico e seu cancioneiro reflete isso. Neste álbum do Duo Gisbranco, os arranjos para dois pianos reforçam a riqueza harmônica das soluções melódicas de Chico César, tantas vezes ofuscadas por uma poesia marcante. “Pássaros ao Vivo” é uma joia musical que merece ser ouvida:

Leia também:

Chico César e seus dias na pandemia

Chico César arma-se para a revolução. Com amor

Deixe uma resposta