Festa online para Ivan Lins

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Ivan Lins e Elis Regina em registro do inpicuio da década de 1970 - Foto: Reprodução
Ivan Lins e Elis Regina em registro do início da década de 1970 – Foto: Reprodução

A pandemia atingiu em cheio as celebrações em torno de um dos grandes nomes da MPB, que completa 75 anos nesta terça-feira (16). Lá se vão também 50 anos que o cantor e compositor Ivan Lins começou a ter sua obra conhecida. Em 1970, Elis Regina lançava “Madalena”, canção de Ivan e Ronaldo Monteiro de Souza que conquistou o segundo Lugar no Festival Internacional da Canção (FIC), sendo ovacionada por um Maracanazinho lotado. Grande melodista, Ivan  Lins tem sua obra reconhecida no Brasil e no exterior graças à sua sofisticação harmônica que se faz presente em melodias relativamente simples. Isso faz dele um compositor singular capaz de colecionar sucessos populares que se tornaram temas televisivos em novelas e séries (como a inesquecível “Comecar de Novo”, parceria com Vitor Martins, do seriado “Malu Mulher”) e, ao mesmo tempo, ser reverenciado por grandes cantores e instrumentistas da cena jazzística. Tanto que suas canções foram gravadas por grandes cantores como Ella Fitzgerald, Sarah Vaughan, Barbra Streisand, Diana Krall, Sting, George Benson, Leni Hall, Simone, Fafá de Belém e Ângela Ro Ro, entre outros, sem contar a própria Elis, que eternizou várias de suas canções além de “Madalena”, tais como “Cartomante” e “Aos Nossos Filhos” (parcerias com Vitor Martins).

O isolamento social e a consequente paralisação das atividades culturais derrubou todo o planejamento para comemorar um ano tão especial na vida de Ivan, que encontra-se confinado em seu apartamento em Lisboa, longe da família e de muitos amigos. Seu filho mais velho, o ator, cantor e compositor Cláudio Lins, decidiu organizar um evento online e reuniu um seleto time de artistas para prestar tributo a Ivan. Na ideia proposta cada convida se filma tocando e cantando uma de suas música preferidas de Ivan para um dueto com o próprio Cláudio, que cantará ao vivo. Confirmaram presença no evento Roberto Menescal, Gilson Peranzzetta, Leila Pinheiro, Délia Fischer, Jorge Vercillo, Nelson Faria, Luciana Mello, Pedro Mariano, Sérgio Santos, Lenine, Jair Oliveira, Jane Duboc, entre outros.

O repertório, no entanto, Cláudio faz questão de esconder a sete chaves. “Como precisamos divulgar a live e os convidados, já não será uma surpresa pro pai… mas pelo menos essa surpresa, do que cada um escolheu, vou guardar. Pra ele e todos que quiserem celebrar a obra desse verdadeiro gênio da música brasileira e mundial”, argumenta Cláudio, com milhagem na organização de lives – é um dos criadores do festival online #ZiriguidumEmCasa.

Carreira de êxito no exterior

A chegada de Ivan Lins ao mercado internacional acontece em 1979, quando o produtor americano Quincy Jones criou arranjos para “Dinorah, Dinorah” e “Velas Içadas” (também parcerias com Vitor Martins), que recebem o Grammy de melhor arranjo instrumental em 1981 e 1982. Em 1985, Ivan grava nos Estados Unidos e faz turnês pelo exterior. Ivan figura como um dos compositores brasileiros mais gravados no mundo, ao lado de Tom Jobim e Milton Nascimento, principalmente nos Estados Unidos e Japão, onde o compositor é considerado um músico de jazz.

Em Portugal, criou fortes vínculos com a cena local e até hoje passa longos períodos por lá. Em 2006, realizou um concerto com a The Metropole Orchestra da Holanda, com arranjos e regência de Vince Mendoza. O CD que registrou esse encontro, “Ivan Lins & The Metropole Orchestra” (2009) lhe rendeu outro Grammy, desta vez o Latino, na categoria melhor álbum de música popular brasileira. Confira algumas das pérolas musicais de Ivan Lins no DVD “Cantando Histórias”:

 

Sempre na resistência

Na capa do álbum 'Nos dias de Hoje', de 1978, uma alusão explícita aos perseguidos políticos durante a ditadura
Na capa do álbum ‘Nos dias de Hoje’, de 1978, uma alusão explícita aos perseguidos políticos durante a ditadura- Foto: Reprodução

Antes do reconhecimento internacional, emplacou muitos sucessos e destacou-se, ao longo da década de 1970, com verdadeiros hinos de resistência à ditadura militar e da luta pela redemocratização. No fim de maio deste ano, participou do festival online Artists United for Amazonia. “É uma campanha internacional para beneficiar as entidades que procuram proteger as tribos indígenas brasileiras e suas terras, que estão sendo, com total autorização deste governo, expostos à pandemia do Covid-19”, explicou, na ocasião, em suas redes sociais. O evento teve ainda a participação de Peter Gabriel, Barbra Streisand, do guitarrista mesxicano Carlos Santana e atores ativistas como Morgan Freeman, Jane Fonda e Jeff Bridges.

Sempre esteve do lado certo de nossa história, Ivan ainda escreveu uma importante página da MPB ao fundar junto com o parceiro Vitor Martins, em 1997, a gravadora Velas. Voltado ao lançamento de novos artistas, o selo independente nos apresentou nomes relevantes como Guinga e Chico César. Até hoje é um incentivador das novas gerações de artistas e sempre recomenda alguns deles nas suas postagens nas redes sociais. Há uns dias, por exemplo, emocionou-se com uma versão caseira que as cantoras Verônica Ferriani e Vanessa Moreno fizeram de “Cartomante”. E não foi para menos, pois ficou lindo. Confiram clicando aqui.

 A live Ivan Lins 75 começa às 17h de terça e terá transmissão da plataforma Palco Em Casa (www.palcoemcasa.com.br). O evento vai receber doações voluntárias a partir de R$ 5. O valor arrecadado será repassado à  ONG Ação Social pela Música a pedido do próprio aniversariante. Depósitos podem ser feitos através do link https://pag.ae/7W5og5a17 ou clicando no botão PagSeguro disponível nos sites www.ziriguidum.com  e www.palcoemcasa.com.br.

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