Madu estuda Tom Zé e passa com louvor

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Capa do álbum ‘Estudando Tom Zé’, de Madu

“Eu tô te explicando / Pra te confundir / Eu tô te confundindo / Pra te esclarecer / Tô iluminado / Pra poder cegar / Tô ficando cego / Pra poder guiar”. Os versos acima só poderiam ser de um autor como Tom Zé, que precisa complicar para tornar tudo límpido e cristalino. Depois de gravar duas faixas do tropicalista para seu álbum ‘Dharma’ (2020), o cantor e compositor Madu Madureira mergulhou na obra do baiano para uma outra empreitada ainda mais complexa. “Quero jogar ainda mais luz a partir de um novo olhar sobre ele”, conta Madu, que acaba de lançar o EP “Estudando Tom Zé”, com mais cinco regravações do cancioneiro do artista.

A ponte entre Madu e Tom Zé se deu pelo produtor Guilherme Gê, ainda durante as gravações de “Dharma”. Quando Madu gravou “Tô”, com participação de Paulinho Moska; e “Vai (Menina Amanhã de Manhã”), em dueto com o próprio Tom Zé. “O Gê fez o convite oficial a ele de participar conosco de ‘Dharma’ e o resultado foi a participação em ‘Vai’. A partir daí, resolvi mergulhar mais fundo na obra do Tom Zé, que é genial e extremamente vanguarda”, justifica Madu, um catarinense radicado no Rio desde a infância.

“Estudando Tom Zé” reúne cinco faixas, com produção, arranjos e instrumentação de Guilherme Gê. “Sandália” é uma das mais antigas de Tom Zé. “Vi que até canções abandonadas – porque não tinham condição comercial – até estas, Gê metamorfoseou em verdadeiras belezas. Eu fiquei fã, sou fã, ouço todos os dias. E espero que vocês também ouçam o EP do Madu”, escreveu o tropicalista na orelha do álbum.

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Tom Zé, Madu e Guilherme Gê em sinergia musical – Foto: Repodução Instagram

Na sequência, “Mãe (Mãe Solteira)”, com participação de Elisa Gudin. “Sempre curti tocar essa no violão, cabe bem na minha voz. A Elisa traz uma nuance feminina que eu sentia falta”, diz Madu.

“Mãe” e “Solidão” foram pinçada do álbum “Estudando o Samba” (1975), um dos mais aclamados do tropicalista. “Quis trazer duas canções desse álbum ao cenário porque para mim é um dos mais me tocam. Inclusive tendo inspirado o nome do meu trabalho”, justifica Madu.

“Esquerda, Grana e Direita’” vem do álbum “Vira Lata na Via Láctea” (2014). Ganhou versão mais potente e dançante. “Essa canção para mim simboliza muito bem o momento político que estamos vivendo. Me toca como um resumo da crise democrática que passamos de 2016 até agora”, comenta o intérprete.

O estudo sobre Tom Zé garante nota azul no boletim musical de Madu e se encerra com “Se o Caso É Chorar”, com participação da cantora Daíra. “Essa canção foi primeiro lugar nas paradas de sucesso em 1973 e, como disse o tropicalista certa vez ‘essa música é toda plágio’. Foi furtada de grandes gênios: tem referências a Chopin, Rolling Stones, Nelson Gonçalves, Lupicínio Rodrigues, Caetano e uma pitada de Ary Barroso”, avisa Madu, que gravou participação em episódio do podcast dando mais detalhes sobre os bastidores desse tributo mais que justo a fenômeno da música brasileira.

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