Por Aquiles Rique Reis
Ao ouvir CDs que recebo com frequência – físicos em maioria –, sinto não poder comentá-los todos – há que selecioná-los. Esta semana vamos de “Samba é Amor” (lançado pelo selo Lobo Music, da produtora Kuarup), o quarto álbum de Marcelo Kamargo, mineiro de Coronel Fabriciano (MG), parceiro de Ricardo Gomes Kamargo em duas músicas. Gomes é também arranjador das onze faixas do álbum, com eles realçando as qualidades de um bom samba.
“Samba é Amor” (Ricardo Gomes e Marcelo Kamargo) tem sabor de samba-de-quadra, dá título ao álbum e abre o CD. Com levada rítmica balançada, a intro tem violão de sete (Gustavo Monteiro) e acordeom (Duduzinho Aguiar). Logo vem Marcelo Kamargo. Seguro de si, valendo-se de uma boa voz, ele simplesmente canta – não precisa de rodeios, vai tão firme quanto delicadamente às notas. A harmonia é virtuosa, e a linha melódica é digna de costurar a emoção. Belo começo.
A seguir, “Natural é o Amor” (Marcelo Kamargo) sacode o esqueleto de qualquer amante do samba que se preze. Em ritmo acelerado, a percussão (Diego Panda) se une ao cavaquinho (Fernando Bento) e ao sete cordas (Gustavo Monteiro), para dar ao samba o que ele tem de mais precioso: melodia em tom menor, inspirada em mestres de tempos imemoriais, e em sentimentos que nos levam à emoção. Junto com um coro misto (Ana Espi, Luisa Espi, Sofia Espi, Ricardo Gomes e Marcelo Kamargo), o repertório só faz crescer.
“Não Há Mal Que o Samba Não Cure” (Marcelo Kamargo) tem a magia do samba tocada pelo cavaquinho (Fernando Bento), pelo sete cordas (Gustavo Monteiro) e pelo violão com cordas de náilon (Ricardo Gomes). Mais uma vez, a presença do coro exalta os vocalistas e também o som de instrumentistas de alta classe.
Ler os nomes que inspiraram Kamargo foi suficiente para atestar que um trabalho como esse não tem como não ser singular. Ouvir o álbum, iniciado pelos três sambas aqui citados, foi o que me bastou para decidir comentar Samba é Amor.
Conhecendo a magnitude dos inspiradores citados por MK – Nelson Cavaquinho, Cartola, João Nogueira, Adoniran Barbosa, Tom, Chico Buarque e Pixinguinha, dentre outros –, sente-se que ali está traçado o caminho para que talentos como Marcelo Kamargo se multipliquem e se aperfeiçoem.
Ora, também com tantos espelhos a refletir sabedorias, um bamba como MK deita e rola. Não só ele como os que trabalham dia a dia para fazer da música popular ofício.
Compondo canções que revelam mestres de ontem, de hoje e do futuro à alma dos brasileiros, cada vez mais solidificarão e manterão a nossa música como a melhor do mundo.
Assim, ó: numa boa, ouçam Marcelo Kamargo! Se puderem, comprem o CD, se não puderem, busquem o disco nas plataformas digitais.
Ficha técnica
- Curadoria: violeiro Chico Lobo
- Fotografia, produção e arranjos, além de baixo, teclado e violão de náilon: Ricardo Gomes
- Mixagem e masterização: Alessandro Tavares/arte Nova Estúdio
- Projeto gráfico: Rosana de Alencar Ribeiro
- Arte final: Kuarup produções
3 thoughts on “Marcelo Kamargo e um grande CD de sambas”
Querido Aquiles, honrado com a sua matéria! Mais que honrado, emocionado!! Uma das primeiras músicas que aprendi no violão foi a inesquecível Poi É Pra Que, que o MPB4 alçou com umas das mais belas músicas da nossa MPB! Gratidão imensa pela sua consideração!! Forte Abraço!! Marcelo Kamargo
Obrigado pela visita, Marcelo. As resenhas do Aquiles agora são veiculadas também aqui no site. Parabéns pelo trabalho.
Prezado Affonso Nunes, boa tarde! Passando aqui pra te agradecer pela divulgação da matéria do Aquiles no seu Blog. Acabei enviando para o seu email uma msg que era para o Aquiles. Fiquei até confuso de tanta alegria pelo apoio singular de vcs. Muita gratidão e grande abraço!! Marcelo Kamargo