Os últimos passos de Belchior em livro

Belchior
Capa do livro 'Viver É Mlehor Que Sonhar', em pré-venda a partir de 18/1/21 - Foto: Divulgação
Capa do livro ‘Viver É Melhor Que Sonhar’, em pré-venda a partir de 18/1/21 – Foto: Divulgação

Um dos compositores mais geniais da MPB, Antônio Carlos Gomes Moreira Belchior Fontenelle Fernandes, ou simplesmente Belchior (1946-2017), teve um fim de vida pouco convencional, para não dizer melancólico, e parte desse roteiro de fuga de exílio voluntário é contado no livro “Viver é Melhor Que Sonhar – Os Últimos Caminhos de Belchior”, que entra em pré-venda a partir de 18/1/2021 por meio do portal Benfeitoria.

Os jornalistas Chris Fuscaldo e Marcelo Bortoloti percorrem as (muitas) cidades por onde passou o artista desde que afastou da família e dos amigos, chegando a viver no Uruguai, como na pequena cidade de San Gregorio de Colanco. Se transposta para as telas, a obra entraria na categoria de documentário road movie. O livro é recheado de depoimentos de pessoas que abrigaram ou conviveram com o artista nesse período turbulento, com exceção de Edna Assunção de Araujo, conhecida como Edna Prometheu, última companheira de Belchior.

Artista complexo, o cearense Belchior, um ex-seminarista, escreveu pérolas de nossa música como “Apenas um Rapaz Latino-Americano”, “Como Nossos Pais”, “Mucuripe”, “Divina Comédia Humana”, “Paralelas”, “Sujeito de Sorte”, “Hora do Almoço”, “Medo de Avião”  e “Galos, Noites e Quintais”, entre outras (já vi gente achando que é pouco. Fazer o quê?).

Chris Fuscaldo e Marcelo Bortoloti na cidade uruguaia de San Gregorio de Calona, um dos lugares percorridos por Belchior - Foto: Divulgação
Chris Fuscaldo e Marcelo Bortoloti na cidade uruguaia de San Gregorio de Calona, um dos lugares percorridos por Belchior – Foto: Divulgação

Fuscaldo lembra que a ideia de escrever sobre Belchior surgiu quando ele estava vivo. Ao ler uma reportagem de Bortoloti dando conta que o artista estava em Santa Cruz do Sul (RS) e passava por dificuldades financeiras e estava ás voltas com a Justiça por conta do não pagamento de pensão alimentícia, decidiu ela própria ir entrevistá-lo. “A ideia original era ir até ele e perguntar como estava sua vida, mas a morte dele nos levou a refazer esse roteiro de seus últimos de vida”, conta a jornalista, também cantora e compositora e fã declarada de Belchior. E o próprio Bortoloti aderiu ao projeto.

De acordo com Fuscaldo, Belchior, em seus últimos dias, levou uma vida errante. Sua desconexão da família e da profissão foi acontecendo de forma gradual. O compositor nunca disse para essas pessoas se o afastamento da carreira seria definitivo. Mesmo passando por dificuldades financeiras, Belchior recusou as ofertas de ajuda profissional feitas por amigos. Diante de cachês que considerava inadequados, acabou ainda mais isolado e esquecido do grande público. Três anos depois de sua morte, o artista vem voltando a conquistar popularidade recebendo várias homenagens e regravações. Entre as ais populares está a inclusão de samplers dos versos “Ano passado eu morri / Mas este ano eu não morro” usados pelo rapper Emicida em seu premiado álbum “AmarElo” (2019).

Também em fase de pré-venda está o álbum que a cantora e compositora Ana Cañas prepara para o ídolo. A ideia ganhou força após live de duas horas que a artista promoveu em julho. “Não imaginava que isso fosse desembocar num disco, num projeto maior. Mas foram tantas mensagens lindas que recebi do país inteiro, que decidi gravar”, diz Cañas, que recorreu ao financiamento coletivo através do site Vakinha para custear o projeto.

“Decidi parar de lutar contra o meu preconceito bobo sobre me entregar ao lado intérprete porque eu comecei cantando na noite e acreditava que me movimentar fora do esquadro autoral era sucumbir a uma espécie de caminho mais fácil. Besteira” Até porque interpretar belchior está entre as coisas mais difíceis que já fiz na vida”, comenta a cantora.

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