Rita Lee e seu legado são tema de podcast

Rita Lee - Foto: Guilherme Samora/Divulgação

Rita Lee é uma força da natureza no horizonte da MPB. Ela mesma se define com um vulcão em estado constante de erupção criativa. “Tinha filho mamando no peito, Roberto tocando piano, eu escrevendo, cachorro e gato passando (….) A gente era um vulcão! A gente não parava (de compor)”, disse, explicando a atmosfera em torno da criação dos maiores sucessos de sua parceria com o marido Roberto Carvalho.

Esse e outros depoimentos estão na série de podcastas “Identidade Musical – Rita Lee”, que a Universal Music lança nesta terça-feira (27) nas plataformas digitais. Ao longo de quatro episódios, artistas, admiradores e profissionais da arte e da mídia dão seu testemunha em relação à grande musa do rock brasileiro. E muito mais. “O que seria do pobre do tropicalismo se não fosse Rita Lee? Ela é uma pessoa tão acesa, tão ligada (…) é a mais fiel figura tropicalista”, aponta o baiano Tom Zé.

Cada episódio tem um tema: o primeiro fala do início da carreira; o segundo, do sucesso, quando foi coroada pelo público; o terceiro nos traz a influência de Rita na vida das pessoas e o último aborda a parceria com Roberto de Carvalho, um caso de amor que elevou o pop/rock brasileiro a outros patamares.
Beto Lee, o filho mais velho, músico, e que tocou com os pais durante anos, também chama a atenção para as experimentações da mãe: “Rock sempre esteve presente na vida dela”.

Em um divertido depoimento, Nelson Motta admite que a primeira coisa que lhe chamou a atenção, quando viu “aquela garota loirinha” pela primeira vez no fim dos anos 1960, foi sua beleza. “Fiquei louco. Eu e todo mundo”. Mas, poucos minutos em ação, provaram outro ponto: “Ela é um fenômeno, a a verdadeira mulher maravilha”, elogia.

Roqueiro da época em que Rita dava seus primeiros passos – e o primeiro a realmente dar um espaço importante aos Mutantes na TV, ajudando inclusive a escolher o nome do grupo – Ronnie Von fala de uma das grandes características de Rita como compositora: “Ela sempre brincou muito com situações históricas, sempre brincou muito com palavras e com as relações humanas”.

A cantora e compositora Letrux assume sua admiração explícita pela  canção “Mamãe natureza” (faixa do álbum “Atrás do Porto Tem Uma Cidade”, de 1974), que Rita aponta como sua primeira canção solo, já acompanhada do Tutti Frutti. “Tanto a música quanto a letra me abraçam de maneira muito reveladora”, revela a artista carioca. Outras artistas da nova geração reforçam a importância de Rita em seus depoimentos. “O discurso da Rita é muito real. Sem contar que ela está sempre à frente, tudo o que ela já soltou é muito atual. Rita abriu as portas para a coragem. Na época (em que ela estourou), era um discurso muito novo para uma mulher”, diz Ana Caetano, do duo Anavitória. A cantora Glória Groove faz coro:  “A importância de uma mulher, com esse espaço na música brasileira, quebrando tabus! A liberdade da Rita me inspira demais”. Inspiração que arrebatou a atriz Mel Lisboa, quando ela interpretou Rita, com total entrega, em um musical de sucesso. E que ficou mais de dois anos em cartaz com casa cheia. “A gente fica tão encantada, que chega um momento em que falei: eu queria ser a Rita!”.

Mas nem tudo foi fácil lá atrás. Roberto carvalho situa essa época do início ao afirmar que “rock no começo era gueto, não era um fenômeno de mainstream”. E Paula Toller arremata, sobre as músicas de Rita: “Era uma coisa com uma cara brasileira. Aquilo determinou tudo o que foi feito depois”.

“Modestamente, eu acho que abri bastante avenidas. Comecei a fazer um rock ‘brasilês’”, diz a própria Rita, em luxuosa participação no podcast, que é recheado de histórias deliciosas, como quando João Gilberto quis cantar com Rita; quando Roberto Carvalho dá detalhes sobre o início do namoro com a cantora e até de quando Rita conta do disco voador que os dois juram ter visto juntos, da janela do apartamento do casal, nos anos 70.

Branco Mello, Fernanda Abreu, Fernanda Takai, Marina Lima, Sarah Oliveira, Silvia Venna, Xuxa Meneguell, Guto Graça Mello e Marisa Monte são alguns dos nomes que também participam do podcast, que tem a apresentação de Adriana Penna. O primeiro episódio você ouve aqui:

E os outros três também, rs:

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