Victor Biglione leva às plataformas seu tributo a Tom Jobim

Victor Biglione
Capa do CD 'Uma Guitarra no Tom - Victor Biglione Plays Tom Jobim' - Foto: Divulgação
Capa do CD ‘Uma Guitarra no Tom – Victor Biglione Plays Tom Jobim’ – Foto: Divulgação

O dia 8 de dezembro é um dos mais tristes dias da Música Popular Brasileira, aquele em ficamos órfãos de um de nossos compositores mais significativos, um dos pais da Bossa e nosso soberano maestro Antônio Carlos Jobim cujo piano inspira até hoje músicos de toda esta nossa Terra redonda. O argentino-carioca Victor Biglione é um deles. Seu excelente álbum “Uma Guitarra no Tom”, de 2009, acaba de chegar ás plataformas digitais. “A forma de se ouvir música mudou radicalmente e uma trabalho como este não poderia ficar de fora desses canais. Fico feliz de apresentar esta homenagem ao nosso gênio”, conta o músico.

O álbum foi gravado no formato de jazz trio, com Sérgio Barrozo (contrabaixo) e André Tandetta (bateria) acompanhando Biglione. “São dois músicos incríveis. O Sérgio tocou no Rio 65 Trio com Don Salvador e tem uma história incrível na MPB e o Tandetta já vinha tocando comigo desde o meu primeiro álbum. Essa formação de jazz trio me agrada muito, a aquela guitarra com aquela sonoridade gordona e a captação desse álbum, feita pelo Daniel Cheese, foi perfeita”, comenta Victor Biglione, que diz ter muito carinho por esse trabalho. “Depois de definir o repertório, me debrucei sobre os arranjos e tive alguma ajuda do Daniel, um excelente guitarrista, e, aos poucos fomos gravando faixa por faixa com muita tranquilidade. Gravamos as bases com calma, deixando espaço para a entrada dos solos, os improvisos, mas sempre com a preocupação de que tido saísse de primeira, de uma maneira espontânea e natural”, completa.

O álbum passeia por temas consagrados de Tom Jobim como “Lígia”, Água de Beber” (Tom e Vinicius de Moraes), “Chovendo na Roseira” (Tom e Gene Lees), “Samba de Uma Nota Só” (Tom e Newton Mendonça)  e alguns temas instrumentais que talvez só quem tem intimidade com sua obra conheça como “Mojave” e Look to The Sky”, por exemplo. Ouça aqui as 10 faixas:

O primeiro contato mais aprofundado que Victor Biglione teve com a produção jobiniana foi na adolescência quando estudou no Centro Livre de Aprendizado Musical (Clam), escola mantida em São Paulo pelos integrantes do Zimbo Trio. “Foi o Amilton Godoy (pianista) que me ensinou sobre Tom… Aqueles temas tinham muita riqueza e podiam ser interpretados de muitas maneiras, uma obra que oferecia um leque interminável”, destaca o guitarrista.

Tom, escreveu uma carta de recomendação que abriria caminhos para Victor Biglione na prestigiada Berkeley School of Music - Foto: Reprodução
Tom, escreveu uma carta de recomendação que abriria caminhos para Victor Biglione na prestigiada Berkeley School of Music – Foto: Reprodução

Em 1977, aos 17 anos, Biglione fez um curso de verão na prestigiada Berkeley School of Music de Boston (EUA) e tcve Tom como um tipo de padrinho. “Meu primo Cláudio Slon (baterista) gravou o álbum ‘Wave’ (1967) e graças a ele consegui uma carta de recomendação do Tom para levar à Berkeley e fui na casa dele pegar a tal carta. Acabou sendo o meu primeiro contato pessoal com ele. Você pode imaginar que cheguei lá na Berkeley cheio de moral…”, revela.

Sempre que pode, Biglione gosta de gravar músicas do maestro. Da primeira vez, entrou com o pé direito. “Meu terceiro LP foi o ‘Quebra-Pedra’ (uma tradução para ‘Stone Flower’) foi indicado para o Prêmio da Música, na época Prêmio Sharp, categoria de arranjos e isso me deu mais vontade de continuar visitando a belíssima obra do Tom”, argumenta.

Nos dois discos que gravou na Inglaterra em duo de violões com o guitarrista Andy Summers (The Police) – “Strings of Desire” (1998) e “Splendid Brazil (2005) – temas jobinianos também ganhariam registro como a própria “Stone Flower” e “Fotografia” (Tom e Ray Gilbert).

Num de seus álbuns mais festejados, “Tangos Tropicais” (2010), em que clássicos do nosso cancioneiro ganham arranjos com tempero do tango argentino, Biglione gravou “Ângela e “Retrato em Branco e Preto”. “Este projeto nasceu de uma sugestão do Nelson Motta que deu o maior resultado. A recepção ao trabalho foi excelente.

Outro momento de Tom trajetória do guitarrista foi sua participação nos dois songbooks que o pesquisador Almir Chediak (1950-2003) dedicou a Tom Jobm. “No volume instrumental gravei ‘Rockanalia’ com Léo Gandelman (saxofonista) e no cantado acompanhei a Zélia numa linda versão de ‘Bonita’. É gratificante estar numa homenagem como essa que perpetua a obra e o legado de um gigante da nossa música como o Tom Jobim”, avalia.

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