A Velha Guarda da Portela e sua eternidade em azul

Capa do CD/DVD 'Velha Guarda da Portela - Minha Vontade' - Foto: Divulgação
Capa do CD/DVD ‘Velha Guarda da Portela – Minha Vontade’ – Foto: Divulgação

Há cinco anos Madureira parou numa noite de encantamento. Um show-tributo à Velha Guarda da Portela reuniu a nata de veteranos sambistas da azul e branco para a gravação de um DVD com algumas de suas mais memoráveis canções. O registro histórico virou CD/DVD que chega ao mercado em setembro. A Biscoito Fino, no entanto, tirou essa iguaria da prateleira e disponibiliza seu áudio nas plataformas digitais nesta segunda-feira (17) em que se celebram os 87 anos de Monarco e de Candeia, dois de seus mais ilustres poetas.

“Velha Guarda da Portela – Minha Vontade” reúne a Velha Guarda Show da escola, grupo formado por compositores, cabrochas, cantores, instrumentistas e ritmistas e entrega ao público sambas em feitio de oração, como diria Noel Rosa que não era portelense mas sempre saudou os bambas da azul e branco de Oswaldo Cruz.

O álbum imprime em fonogramas pérolas cantadas no terreiro da escola há décadas. E a noite ainda teve as participações de artistas convidados pela Velha Guarda: as cantoras Maria Rita, Teresa Cristina e Cristina Buarque. Ouça o álbum aqui:

Portelense de carterinha, Teresa Cristina interpreta “Sofrimento de Quem Ama”, de Alberto Lonato; Cristina Buarque relembra um samba que gravou pela primeira vez em 1974 e tornou-se seu maior sucesso, “Quantas Lágrimas” (Manacea); e Maria Rita escolheu um clássico de Monarco e Ratinho, “Coração em desalinho”, que já faz parte de seu repertório.

Apesar das convidadas de luxo, devidamente apadrinhadas, é a Velha Guarda quem torna a noite mágica. “A Natureza”, de Manacéa, abre a apresentação, seguida pelo samba “Lindo”, composto por Noca da Portela e Monarco especialmente para o projeto. “Vai Saudade”, de Candeia e Davi do Pandeiro, “Cocorocó”, de Paulo de Portela, e “A Chuva Cai”, de Argemiro e Casquinha, são alguns dos clássicos registrados com entusiasmo e nobreza pela Velha Guarda da Portela. A direção musical do espetáculo leva a assinatura de Paulão 7 Cordas e Mauro Diniz.

Fundado por Paulo Benjamim de Oliveira na década de 1920, o Grêmio Recreativo Escola de Samba Portela é a mais antiga escola do Rio. Ao longo de décadas, a agremiação viu surgir vários compositores e cantores que ajudaram a escrever a história do samba e da música popular brasileira.

Foi de um de seus filhos mais ilustres, Paulinho da Viola, a ideia de reunir os velhos compositores num grupo que passaria a ser conhecido como Velha Guarda. Seu intento era preservar memória da escola além da tradição oral, que tanto se perde geração após geração. Foi dele a produção do álbum “Portela – passado de Glórias”, o primeiro registro sonoro de muitos sambas criados pelos baluartes da escola. Seu lançamento foi em julho de 1970, ou seja, há 50 anos. Desde então, o grupo segue honrando a tradição da “majestade do samba”, como dizem os versos de “Corri Pra ver”(Monarco/Chico Santana/Casquinha da Portela), e cantando o amor, a amizade, o carnaval sob um imenso tapete azul de sonho.

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