
Vivendo hoje entre o Brasil e os Estados Unidos, o pianista, compositor e arranjador Antônio Adolfo está num momento especial em sua trajetória artística. Depois da indicação do álbum “BruMa – Comemorando Milton Nascimento” (2020) ao Grammy Latino do ano passado, o músico lançou aqui e em solo americano o excelente álbum “Jobim Forever”, celebrando a obra de Tom Jobim (1927-1994), o nosso Maestro Soberano.
Com mais de cinco décadas de carreira e reconhecido internacionalmente como uma personalidade do jazz latino, Adolfo privilegiou composições de Jobim nos anos 1960, quando suas inovações estilísticas consolidaram o Rio de Janeiro e todo o país como centro de uma cultura musical mundial.
Adolfo foi amigo de Jobim. Conviveu com o ídolo, inclusive quando deu aulas para seus filhos e neto. Desta forma, tinha intimidade para propor variações melódicas para temas pétreos da obra jobiniana, como “Garota de Ipanema”, “A Felicidade” e “Água de Beber”. Arranjos elegantes com harmonias num encadeamento diferente do que estamos acostumados a ouvir quando se trata de Jobim, mas o resultado que Adolfo e os músicos que o acompanham como Lula Galvão (guitarra), Jorge Helder (contrabaixo), Paulo Braga (bateria), Rafael Barata (bateria e percussão), Dada Costa (percussão), Jesse Sadoc (trumpete e flugelhorn), Danilo Sinna (sax alto), Marcelo Martins (sax tenor e soprano e flautas) e Rafael Rocha (trombone), além da única participação vocal: o inconfundível timbre de Zé Renato numa emocionada versão de “A Felicidade”, que tem um significado especial para Antônio Adolfo como se verá mais adiante:
O intérprete fala de seu método criativo quando aborda composições de outros. “Quando faço um arranjo, toco a música várias vezes até sentir uma espécie de parceria com o autor. Após absorvê-la, deixo minha interpretação emergir e, então, posso criar as diferentes harmonias e formas que adapto aos instrumentos para os quais concebo os arranjos”, conta.
Adolfo lembra que ouviu Tom Jobim pela primeira vez em 1959, no rádio do carro de sua mãe. A música era “A Felicidade” e imediatamente se sentiu seduzido pela sonoridade daquela Bossa Nova.
Tornou-se músico profissional aos 17 anos, liderando o grupo Trio 3D, e tocando com Wilson Simonal, Elis Regina e Milton Nascimento.
Começou a estudar música na infância. Atuou como compositor em importantes festivais e trilhas sonoras de novelas, obtendo sucesso com “Sá Marina” (gravada por Wilson Simonal e Ivete Sangalo), entre outras. Vive entre Brasil e exterior desde os anos 1970, e estudou música em outros centros.
Volta ao Brasil e é quando marca sua atitude pioneira que hoje é padrão na música brasileira: a gravação e distribuição independente de discos. Seu LP “Feito em Casa” (1977) teve todas as etapas assumidas por ele, desde a gravação até a venda em lojas. Em 1985 cria, no Rio de Janeiro, o Centro Musical Antonio Adolfo, onde desenvolve atividade pedagógica.