Aperitivos para o novo álbum do saudoso Letieres Leite & Orkestra Rumpilezz

letieres leite e orkestra rumpilezz

Está chegando o lançamento do álbum póstumo do maestro Letieres Leite com sua divina Orkestra Rumpilezz totalmente dedicado ao repertório de outro importante maestro brasileiro, o genial Moacir Santos (1926/2006). Mas a curiosidade pode ser aplacada com dois singles extraídos do disco que será lançado nesta segunda quinzena de maio e que já estão disponíveis nas plataformas digitais. O mais recente deles é de “Nanã”, obra-prima de Moacir e Mário Telles, que tantas releituras já recebeu. A faixa conta ainda com o precioso auxílio de Caetano Veloso. Um luxo só.

Nela, o cantor e compositor baiano canta em inglês, a segunda língua do maestro homenageado, que morou por décadas na Califórnia. Faixa dois do lado B, “Nanã” foi mixada por Michael Brauer, engenheiro de som que já trabalhou com artistas da grandeza de Paul McCartney, James Brown, Bob Dylan, The Rolling Stones, Coldplay, Rod Stewart e David Byrne.

Gravado e prensado em alta fidelidade no estúdio e fábrica da Rocinante, em Araras (RJ), “Moacir de Todos os Santos” chegará às lojas (em formato LP) e nas plataformas digitais.

“Moacir de Todos os Santos”, do selo Rocinante (uma usina de música de qualidade), tem ainda o single de “Coisa nº 2”, extraída do antológico “Coisas” (1965), estreia fonográfica de Moacir, maestro, compositor, arranjador e multi-instrumentista pernambucano que marcou a música brasileira e desenvolveu brilhante carreira no exterior e, curiosamente, morreu no ano em que a Rumpilezz nascia com sua formação de afro-jazz com cinco músicos de percussão (atabaques, surdos, timbal, caixa, agogô, pandeiro, caxixi) e 14 músicos de sopro (4 trompetes, 4 trombones, 2 saxes alto, 2 saxes tenor, 1 sax barítono e 1 tuba). Ouçam “Coisa nº 2” com o tempero da Rumpilezz:

E o nosso não menos brilhante Letieres Leite, músico e educador nato, partiu abruptamente em outubro último, aos 61 anos, quando o disco em tributo a Moacir Santos estava sendo mixado. O maestro gravou e se apresentou com grandes artistas, alguns deles: Nico Assumpção, Naná Vasconcelos, Gilberto Gil, Elba Ramalho, Lulu Santos, Timbalada, Daniela Mercury, Elza Soares, Hermeto Pascoal, Stanley Jordan, Carlinhos Brown, Toninho Horta, Arthur Maia, Márcio Montarroyos e, naturalmente, Ivete Sangalo, com quem trabalhou até 2011, sendo seu diretor musical e arranjador.

Seu mais famoso trabalho com a Orkestra é o álbum “A Saga da Travessia” (2016), com oito temas compostos pelo regente que remonta a trajetória e as tragédias vividas pelos povos africanos que aqui desembargaram inspiraram. Nesses temas a percussão afrobaiana encontra o jazz, tendo por base a estética das matrizes africanas. A trilogia “Banzo”, que abre o CD, foi criada tendo como referência a saída, viagem e chegada ao Brasil dos negros escravizados. Uma obra-prima que a gente relembra aqui:

 

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