
Calor de fogueira, de festa, de alegria, de sol. Mas também calor que queima, que dói e arde. A palavra escolhida pela cantora, compositora e atriz carioca Bárbara Sut para dar nome ao seu primeiro álbum autoral, já nas plataformas de música. O trabalho remete à intensidade das canções e da artista, que assina a produção musical em parceria com Jonas Hocherman.
O álbum foi totalmente produzido na pandemia e traz 10 faixas que bebem de gêneros populares brasileiros como o samba, o jongo, o forró, o ijexá, mas também de influências internacionais do jazz, da chanson francesa e até do candombe, tradicional ritmo afro uruguaio, que dá o tom da pulsante primeira faixa de trabalho, “9 de Espadas”, composta em parceria com Hocherman, que também assina os arranjos do disco.
A sonoridade acústica de “Calor” conduzida pela incisiva voz da cantautora se ancora na percussão de Naife Simões, no violão de 7 cordas de Luciano Câmara e no trombone e a tuba de Hocherman.
“Esse trabalho tematiza e foi produzido a partir de relações e afetos. São canções que compus nos últimos anos e que elaboram experiências, consolidam minha forma de expressão através da música. ‘Calor’ significa troca de energia que gera mudanças, febre, vivacidade de expressão e ardor de sentimentos é a palavra que abrange a potência do projeto”, pontua a jovem artista.
Não por acaso, as fotos produzidas para o disco foram registradas em ruínas, ideia de Bárbara, que cuidou de toda a direção criativa do projeto. “Queria cenários que ostentassem o tempo, que, assim como as minhas letras, fossem um exercício de resistência e constante mudança. Deixo minha estrutura exposta quando componho e queria paisagens que, assim como a minha música, estivessem orgulhosas de suas cicatrizes, inteiras na sua fragmentação, com beleza caótica, textura e natureza florescendo por dentro”, explica.

Com 25 anos, Bárbara Sut foi protagonista de diversos musicais, como a elogiada montagem de “Romeu & Julieta ao som de Marisa Monte” e “Ombela, A Origem das Chuvas”. Foi a atleta Dionice na novela “Salve-se Quem Puder” e, atualmente, está no elenco fixo da série “A Sogra que Te Pariu”, em cartaz na Netflix. Também está em cartaz nos palcos cariocas no musical “Vozes Negras – A Força do Canto Feminino”, com direção de Gustavo Gasparani e que homenageia grandes cantoras pretas como Elizeth Cardoso, Dolores Duran, Elza Soares, Alaíde Costa, Áurea Martins, Dona Ivone Lara, Clementina de Jesus, Alcione, Margareth Menezes, Sandra de Sá e Iza.
Dividindo-se artes cênicas e a carreira musical, lançou, em 2020, o primeiro single, “Cadê Você”, que ganhou novo arranjo em “Calor”. Depois, vieram “Valsinha (La Petite)”, “Partida” e “Vendaval”, primeira faixa do álbum, que tem um clipe dirigido pela própria artista.
“Existe algo nuclear em ‘Vendaval’. É minha primeira composição, um abre-alas de mim mesma. Muitas vezes, é preciso não ter medo do próprio caos e abraçá-lo como uma força criativa”, conta a artista.
Já “9 de Espadas”, escolhida para ser a música de trabalho do álbum, versa sobre a intensidade e, muitas vezes, o sofrimento do amor a partir da simbologia dos arcanos maiores e menores do tarô. A faixa conta com participação do percussionista uruguaio Fabrício Reis.
Bárbara diz não não ter fórmula para compor: às vezes começa pela letra, às vezes pela melodia… E usualmente a inspiração vem de forma inesperada: na coxia do teatro ou caminhando pela rua.
“Me considero uma artista multi, eclética, com interesses diversos . Me expresso em diferentes linguagens e minha música é atravessada por tudo isso. Canto dramatizando cenas, compondo histórias, minhas melodias são movimentos. Referências fazem parte do meu universo e o álbum traz um recorte da minha bagagem artística como um todo, não só musical. É um disco sensual, cênico, que me apresenta de forma completa”, comenta.