Beethoven em cinco movimentos – Parte 1

Neste 16 de dezembro o mundo celebra os 250 anos de nascimento de Ludwig Van Beethoven. O ano de 2020 deveria ter sido marcado por inúmeras apresentações das mais variadas do gênio alemão, pai do romantismo na música e figura que elevou a respeitabilidades dos compositores e concertistas do que viria a ser chamado mais tardiamente de música de concerto. Aqui no site publicaremos cinco pequenos artigos de Sérgio Ricciuto Conte que abordam aspectos relevantes do artista e seu legado. Ah, e as belas ilustrações que adornam este conteúdo também são do autor dos textos.

1º Movimento: Beethoven é o fundador da música de concerto

Sergio Ricciuto Conte
Especial para Na Caixa de CD

Antes de Beethoven, os compositores criavam fundos musicais. Não que não fossem grandes músicos, nada disso. Mozart, Bach, Handel…eram gigantes. Mas a grandeza deles era em fazer coisas maravilhosas, mas coisas para serem usadas como fundos para eventos.

Eram pagos e queridos, mas comiam na cozinha. Artesãos. De destaque, mas artesãos que, no lugar de construir moveis, ou arrumar jardins, juntavam notas num papel, para serem tocadas.

Por exemplo, Bach e Handel compuseram músicas para Missas. Mozart para divertir os ricos. Os nobres.

Eram obras lindas, elegantes, geniais. Mas dentro destas obras, eles não estavam. Ou melhor, estavam, mas ‘atrás’. Na frente tinha a funcionalidade da obra, não o autor.

E maioria do público não enxergava Vivaldi por dentro da música dele. Era música de fundo.

Noventa porcento do povo escutava Mozart ao vivo e conversava ao mesmo tempo.

Beethoven não. Beethoven não fica por trás. Ele vem para frente, e abre a porta. Te deixa entrar. Ele escreve sem medo sobre tudo que está por dentro do ser humano…e não o faz por trás.

Não faz isso numa composição paga por um rico que quer ouvir aquilo no evento dele, ou por um padre que quer ouvir aquilo na Missa. Beethoven o faz sem “desculpas”. Escreve e coloca na frente, o que antes estava por trás, diretamente.

Não tem função para frente. Tem logo, de forma transparente…a música. E a partir de Beethoven, quem vai escutar algo ao vivo, precisa ficar calado.

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