Chico César arma-se para a revolução. Com amor

O cantor e compositor Chico César - Foto: José de Holanda

O conturbado momento político do país em que os governantes declaram guerra à cultura e ao livre pensar acaba tendo efeito inverso junto à classe artística, pois o artista que é fiel a seu ofício resiste, cria, recria e não foge ao bom combate, fazendo de sua inquietude a arma principal de obras que nos situam no tempo e no espaço em que vivemos. Sem retoques. Um dos mais engajados cantores e compositores da atualidade, o paraibano Chico César, é exatamente assim. Quase 25 anos desde o lançamento do álbum Aos Vivos, Chico brinda os sobreviventes das políticas de terra arrasada com seus mais recente trabalho, O Amor É um Ato Revolucionário, o nono de canções inéditas numa trajetória que inclui também discos ao vivo, DVDs, vinis e até livros, sendo um deles de poemas eróticos e outro um conto para crianças. E se Chico César armou-se amor para fazer levar sua revolução adiante, neste sábado (2) ele estará apresentando o álbum em território amigo: o Circo Voador em noite que será aberta por Mariana Aydar. Saiba sobre o outro show clicando aqui.

As constantes reviravoltas na obra universalizada de Chico César, que sempre exerceu plena liberdade criatica jamais prendendo-se estilos para se expressar, lhe renderam no ano passado o Prêmio da Música Brasileira na categoria de melhor álbum pop com o disco Estado de Poesia – Ao Vivo.

Capa do CD O Amor é um Aro Revolucionário, de Chico César
Capa do CD O Amor é um Aro Revolucionário, de Chico César – Foto: Reprodução

No novo trabalho percebe-se uma crônica das vivências político-sociais do artista, que assina todas as letras e músicas das 13 faixas gravadas entre maio e junho em quatro estúdios diferentes. A produção foi dividida com André Kbelo Sangiacomo e a direção musical do com Helinho Medeiros, o pianista de seu grupo. Exceções são as faixas History (produzida e arranjada por Márcio Arantes), Pedrada (produzida e arranjada por Eduardo Bid) e Eu Quero Quebrar, que (além da leitura de Chico e banda) ganhou uma versão bônus produzida por André Abujamra.

Entre os convidados, a adolescente paraibana Agnes Nunes (com quem divide os vocais em De Peito Aberto), a jovem cantora e compositora e cantora pernambucana Flaira Ferro (em Cruviana) e o veterano guitarrista paulistano Luiz Carlini (na faixa-título). Em seu solo, o instrumentista faz/uma citação de improviso a um de seus mais conhecidos trabalhos: o solo na primeira gravação de Ovelha Negra quando ele e Rita Lee integravam o Tutti Frutti.

Webclipe com a participação de fãs

O cantor compositor Chico César - Foto: José de Holanda/Divulgação
O cantor compositor Chico César lança o seu nono álbum de inéditas – Foto: José de Holanda/Divulgação

Os fãs mais fiéis de Chico César reconhecerão de cara quatro canções que foram lançadas nas plataformas digitais tão logo foram compostas em formato acústico. São elas: History, Pedrada, Like e Eu Quero Quebrar. “Muitas canções foram imediatamente publicadas nas redes sociais em formato voz e violão assim que compostas, é o primeiro registro delas”, explica. History foi o primeiro single lançado nas redes sociais do artista. Sua letra altamente linkada aos dias atuais aborda paqueras online e desilusões amorosas, todas sendo literalmente expostas nas redes. “Eu tô ligado que você visualiza meu history/quer saber da minha vida”, canta Chico que lançou há poucos dias um clipe da canção com pequenos vídeos de 15 segundos enviados pelos fãs. “A partir dessa temática, surgiu a ideia de montar um webclipe colaborativo com vídeos feitos pelos próprios fãs”, comenta. Dirigido por Bárbara Santos, o vídeo mostra fãs em cenas do cotidiano, cantando ou não a música, atuando ou não conforme a letra. “A liberdade foi total. A única regra era a duração do vídeo enviado”, recorda Chico César. Veja o resultado abaixo:

No show, Chico César reveza-se entre guitarras e violão tendo por companheiros de palco Helinho Medeiros (teclados), Ana Karina Sebastião (baixo), Gledson Meira (bateria), Simone Sou (percussão), Sintia Piccin (sopros) e  Richard Fermino (sopros). Chico volta ao Circo após dois anos. Sua última apresentação na lona mágica da Lapa foi em 2017 numa noite aberta pelo conterrâneo Marcelo Jeneci, que chegou a tocar na banda de Chico no início de sua carreira. Com certeza, o artista está satisfeito de voltar ao Rio. Nós também!

Serviço

Chico César – Show de lançamento o álbum O Amor É Um Ato Revolucionário (show de abertura com Mariana Aydar)
Circo Voador (Arcos da Lapa s/nº)
2/11, a partir das 22h
Ingressos: R$ 100 e R$ 50* (2º lote); e R$ 120 e R$ 60* (3º lote)
* Meia entrada ou ingresso solidário, válido com 1 kg de alimento

 

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