De Jack Kerouac a Woodstock, encontros definitivos

Celebrando grandes datas em 2019 como os 60 anos do lançamento de “Kind of Blue”, a pérola de Miles Davis (1926-1991), bem como os 50 anos do consagrado Festival de Woodstock, é inevitável pensar nas ramificações da década de 1960 que inspiram a arte até os dias atuais.

Quando o jazz fervia vigorosamente nas casas de Nova York em fins dos anos 1950, o trintão Jack Kerouac (1922-1968) dava as cartas ao ter finalmente publicado “On the road”, sua obra definitiva. Com seus amigos da beat generation, Jack vivenciava a essência do jazz. Em “Cenas de Nova York”, JK conta de um alegre show de Thelonious Monk (1917-1982). Com “Kind of Blue”, Miles Davis deu mais um salto para energizar o gênero, e o faria mais vezes ao combinar o jazz com a nossa nova, o rock e o hip hop.

O mentor da poética de Dylan

Kerouac teve tempo de ver o gênio do jazz até o fim da vida, em 1968, bem como a ascensão de um de seus fiéis discípulos, Bob Dylan (que saiu de casa após ler “On the road”), comandando a música popular nos anos 1960 e influenciando ninguém menos do que os Beatles, além de ser um símbolo cultural da música que acabou por desaguar em Monterrey e, posteriormente, em Woodstock.

Ao mesmo tempo em que o festival se tornava um dos momentos culminantes do século XX, estrelado por artistas influenciados por Bob Dylan, Miles Davis lançava álbuns definitivos como “Silencie” e “Bitches Brew”. Jack Kerouac já estava morto, mas Bob Dylan seguia com sua poesia e ritmo implacáveis mundo afora, enquanto os Beatles davam seus últimos passos a caminho do infinito. Ouça aqui “Kind of Blue” na íntegra:

O período que começa no lançamento de “Kind of Blue” e termina justamente em Woodstock pode também ser visto como um amálgama de tendências. Admiradores e admirados inverteram seus papéis, produziram, construíram obras que até hoje causam enorme impacto e foram definitivas para a arte que atravessou o século XX e até hoje influencia gerações. O sonho pode ter acabado, mas a realidade dos talentos prevaleceu eternamente. A literatura de Kerouac se alimentou de Miles e energizou Bob Dylan; este, por sua vez, energizou aos Beatles e aos roqueiros de Woodstock, e estes estavam em busca da paz na estrada que leram do próprio Jack Kerouac. Os séculos XX e XXI agradecem.

 

Definido o lineup de Woodstock 50′

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