Exposição resgata a relação entre Richard Strauss e o Theatro Municipal

Em seus 11 anos e com muita história para contar, o Theatro Municipal do Rio de Janeiro disponibiliza em seu site a exposição virtual Compositores no Municipal do Rio e mergulha no tempo para mostrar a relação do compositor e maestro alemão Richard Strauss com a tradicional casa de espetáculos e cuja primeira visita está completando 100 anos.

Foto autografada de Richard Strauss durante sua primeira visita ao Rio – Foto: Acervo Cedoc Theatro Municipal

Reconhecido como um dos grandes representantes do chamado romantismo alemão tardio, Richard Strauss (1864 – 1949) esteve duas vezes no Municipal. Em 1920, regeu seis concertos com a orquestra da Companhia Bonetti (Itália), mas nenhuma ópera, nem mesmo a sua “Cavaleiro da Rosa” que a Bonetti viria naquela mesma temporada carioca. “A imprensa da época perguntava o motivo dele estar no Theatro Municipal e não subir ao palco, deixando o maestro da Bonetti representá-lo. Até hoje, ninguém sabe o que realmente aconteceu”, comenta Fátima Cristina Gonçalves, chefe do Centro de Documentação (Cedoc) do Municipal e responsável pela exposição digital concebida em formato de e-book.

Embora sua recusa em reger a própria ópera tenha causado estranheza, Richard Strauss também chamou a atenção da imprensa carioca por sua discrição e timidez. O maestro recebeu várias homenagens no período de sua visita e em todas as ocasiões mostrava-se pouco sociável. “A impressão geral era a de que este comportamento era motivado por dois fatores: alemães são tidos como mais fechados e, além disso, ele tinha pouca familiaridade com o português”, comenta Fátima.

Cópia do programa de um dos concertos de Richard Strauss no Municipal na temporada de 1920 – Foto: Acervo Cedoc Theatro Municipal

Nos concertos em que regeu a Bonetti, Strauss dedicou o parte do repertório a compositores brasileiros como Alberto Nepomuceno (o prelúdio “O Guaratuja”, da ópera inacabada do compositor que sequer assistiu ao concerto por estar enfermo e, menos de um mês depois acabou falecendo), Francisco Braga (o poema sinfônico “Marabá”), Leopoldo Miguez (“Suite au Vieux”)e Henrique Oswald (“Feuilles d’Automne”).

Em sua segunda visita ao Rio, em 1923, já como regente da prestigiosa Filarmônica de Viena, Richard Strauss regeu 13 concertos com um repertório mais voltado ao seu trabalho autoral e execuções de Beethoven e Wagner. O único compositor brasileiro que entrou no repertório de uma das apresentações seria Francisco Mignone, que na época tinha 26 anos, com “Dança”e “Minueto”.

As exposições virtuais do projeto de memória do Municipal terão sequência com um apanhado da produção musical de Alberto Nepomuceno, considerado  o pai do nacionalismo na música de concerto feita no Brasil, e de modernista Igor Stravinski, que também tem uma relação histórica com o Theatro.

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