Festival Levada reúne até sábado e novíssima (e boa) MPB

Levada

Festival levada Carne Doce
A carismática Salma Jô em performance contagiante na abertura do Levada – Fotos: Rogério von Kruger

Vanguardista desde sua primeira edição, em 2012, o Festival Levada teve sua versão 2021 aberta nesta quarta-feira (8) com uma apresentação impecável do Carne Doce. A banda de Goiânia subiu o palco do Teatro Rival Refit com a formação completa e foi calorosamente recebida com casa cheia. O show de abertura foi com a Carne Doce, banda de Goiânia, que chegou a participar da edição de 2013 do festival, caindo no gosto da crítica especializada e do público. O show reuniu boa parte das composições do álbum “Interior” (2020), mas o clima estava mais para o enfático “Sessões Selo Sesc #10”, que registra uma contagiante apresentação ao vivo no Sesc Belenzinho, em São Paulo, em fevereiro de 2020, um mês antes da chegada oficial da pandemia. Salma Jô (letras e voz), Macloys Aquino (guitarra e voz), Anderson Maia (baixo), João Victor Santana (guitarra, sintetizador e programações) e Fred Valle (bateria e percussões) vieram para o Levada com o entrosamento de sempre mostrar sua universalidade sonora entre dub, reggae, samba, rock e trap.

E o festival que já ajudou a impulsionar a carreira de 121 artistas de todas as tendências e regiões brasileiras vai até o sábado (11) com mais atrações, sempre às 20h30, na acolhedora simpática casa de shows da Cinelândia, que abre as portas exigindo passaporte de vacinação e adotando todas as medidas sanitárias necessárias.

Juliana Linhares – Foto: Clarice Lissovsky

Nesta quinta (9) foi a vez de Juliana Linhares, potente cantora potiguar radicada no Rio. A vocalista do trio feminino Iara Ira e do Grupo Pietá, atração do Levada em 2019, retornou com o repertório de “Nordeste Ficção”, seu primeiro disco solo e que remete à tradição de grandes intérpretes nordestinas como Elba Ramalho, Amelinha e Cátia de França.

Imaginado como um roteiro de teatro, “Nordeste Ficção”, inspira-se abertamente em livro homônimo e mergulha no senso da identidade nordestina e transpira influências com a mesma grandeza melódica e poética de compositores como Alceu Valença, Ednardo, Fagner, Belchior e Zé Ramalho e dialoga com a geração seguinte representada por Chico César, Zeca Baleiro, Rita Benneditto e Lenine.

E como o Nordeste jamais nos priva de talentos, Juliana Linhares é legítima herdeira dessa maravilhosa tradição. Seu sucesso nacional é mera questão de tempo e “Nordeste Ficção”, produzido pelo cuidadoso Marcus Preto, é um cartão de visitas incontestável.

Conhecida por misturar afrobeat às manifestações populares brasileiras, a carioca Foli Griô Orquestra é uma banda de dez integrantes que faz um som magnético, sobretudo ao vivo. Eles se apresentaram na sexta-feira (10) com as músicas dançantes e quase espiritualizadas do álbum “Ajo” (2019), já indicado como Melhor Álbum de Música de Raiz em Língua Portuguesa ao Grammy Latino daquele ano. Juntos desde 2015, os músicos vêm moldando uma sonoridade potente, que soma os ritmos tradicionais brasileiros a elementos do afrobeat nigeriano, tendo como principal referência Fela Kuti.

No derradeiro show desta etapa do Levada, que terá sequência em janeiro ainda sem atrações definidas, no sábado (11) foi a vez da banda baiana de rock alternativo Maglore, que privilegiou os maiores sucessos de seus quatro álbuns de estúdio – “Veroz” (2011), “Vamos pra Rua” (2013), “III” (2015) e “Todas as Bandeiras” (2017).

Em compromisso com as novas tendências e antecipando os grandes nomes da nova MPB, o Levada foi o padrinho de artistas como o BaianaSystem, Letrux, Cris Braun e Silva, por exemplo. O festival é crucial para a cena musical independente e gera muitas oportunidades para os artistas que passam por ele, além de levar para os mais diversos públicos cultura, música, entretenimento, arte e experiências sonoras. “Graças ao criterioso garimpo da curadoria, participar do Levada virou sinônimo de chancela dos trabalhos de artistas na nova cena independente, funcionando como selo de qualidade e mola propulsora das carreiras deles”, diz Victor D´Almeida, gerente de Cultura do Oi Futuro, patrocinador do projeto desde a primeira edição.

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