Influência ou cópia do Led Zeppelin? Greta van Fleet faz rock. Ufa!

Antes de sua apresentação no Lollapalooza 2019, no último domingo em São Paulo, a banda americana Greta Van Fleet já acumulava reações antagônicas de adoração e desprezo por parte do grande público. Uma banda de hard rock do século 21 que resgata a melhor tradição dos anos ou uma mera imitação do Led Zeppelin?

Os quatro garotos de Detroit ouvem isso desde 2012, ano de formação da banda. Os EPs “Black Smoke Rising” (2017) e “From the Fires” (2018) não deixam dúvidas que a influência da mítica banda britânica é real. Imitadores ou não, têm a seu favor declarações elogiosas de Robert Plant, a voz do Led.

“Anthem of the Peaceful Army”, lançado em outubro de 2018, é uma tentativa da banda formada pelos irmãos Josh (vocais), Jake (guitarra) e Sam Kiszka (baixo) e por Danny Wagner (bateria) de desprender das correntes que os ligaram ao zeppelin de chumbo. Zeppeliniano ou não, o quarteto arrebatou o Grammy deste ano na categoria de melhor álbum de rock, com “From the Fires”. Ainda obteve indicações como artista revelação, melhor performance, por “Highway Tune”; e melhor música de rock, por “Black smoke rising”.

E no atual cenário do pop internacional em que o hip hop domina e novas bandas de rock praticamente inexistem – só mesmo as bandas veteranas vêm mantendo a bandeira do gênero erguida – a rápida escalada de Greta van Fleet surpreende e desperta interesse não apenas na geração roqueira na faixa dos 40 anos ou mais mas também os jovens da mesma geração da banda.

“Nós atraímos o público mais velho porque fazemos rock and roll. Soamos parecido com o que eles ouviam. É uma multidão nostálgica. E tem este público mais jovem, que somos nós”, costuma repetir o baixista Sam Kiszka.

E essa nostalgia transparece no próprio figurino da banda, que abusa das calças boca de sino e coletes sob o peito nu no melhor estilo Robert Plant. E mesmo que os elogios do vocalista do Led que percebeu nos garotos a sonoridade de seu álbum de estreia, “Led Zeppelin I”, Sam revela um certo enfado. “É um instinto humano inato, comparar e contrastar ou relacionar as coisas. É inevitável, mas sinto que esses comentários começam a diminuir e isso é legal porque já estava ficando cansado de responder a essas perguntas”, comenta o músico.

Anthem of the Peaceful Army, um trabalho autoral

Gravado no Blackbird Studios, em Nashville, e no Rustbelt Studios, em Detroit, “Anthem of the peaceful army” tem 11 canções escritas pelos quatro membros da banda e exploram uma variedade de assuntos, que incluem novos começos, amor, integridade, inocência, aventura, diversidade, paz, coragem, revolução e verdade. A sonoridade setentista é marcada pelos riffs quentes da guitarra de Jake, os vocais firmes e potentes de Josh e a cozinha coesa formada pela bateria de Wagner e o baixo de Sam.

A premiação no Grammy, o repentino sucesso, ainda parece difícil de assimilar. “Nós tocamos em bares de merda e clubes de motoqueiros por uns dois ou três anos antes que alguém dissesse alguma coisa. Acho que nós apenas nos desenvolvemos para tocar como uma banda, como o que costumava ser antigamente. Essas indicações para o Grammy nos pegaram completamente desprevenidos”, revelou o baixista, em entrevista recente ao site Vulture.

Mas Sam Kiszka não considera que o Greta van Fleet – nome adaptado de uma senhorinha de Detroit chamada Gretna, hoje com 88 anos, e que nem é fã de rock – não está sozinha neste ressurgimento de bandas roqueiras. “Há muitas pessoas por aí que estão fazendo coisas muito legais. Primeiro, tenho que definir que o rock and roll, como você provavelmente sabe, não é apenas rock and roll. É a atitude por trás disso”, filosofa Sam, citando Hozier, Rival Sons e Wow como suas bandas prediletas na nova cena.

“Quando estamos tocando ou gravando, colocamos nosso coração e alma. Eu não acho que seja retrocesso ou retrô. São apenas caras que sabem tocar rock and roll uns com os outros. Você pode criar uma banda perfeita, pegar os garotos e garotas mais bonitos ou o que quer que seja, mas amanhã ninguém se importa”, comenta.

Para não deixar o artigo sem meu pitaco, vou avisando que gostei demais da banda quando a ouvi pela primeira vez por indicação do meu filho que, embora tenha menos de 30 anos, foi criado ouvindo rock. É por causa de garotos como Lucas que o rock nunca vai morrer e bandas desse estilo continuarão levando multidões aos palcos.

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