Jamil Joanes precisa de nossa ajuda

Jamil Joanes

Quem é da cena musical sabe que segunda-feira é dia de folga para músicos e pessoal envolvido na produção de espetáculos, mas hoje e nas próximas três segundas muitos deles estarão tocando juntos por uma causa nobre, aliás nobilíssima. Reduto da boa música encravado em Botafogo, o Panqs Pub, promove quatro shows beneficentes com toda renda revertida para o baixista Jamil Joanes, um dos grandes instrumentistas de nossa música, que está em tratamento de uma trombose que resultou na amputação de uma perna. Jamil está passando dificuldades financeiras e precisa de auxílio para aquisição de uma prótese, além de ajuda no processo de transição com fisioterapia.

Grandes nomes da nossa música já confirmaram presença nos shows como Roberto Menescal & Cris Delano, Victor Biglione, Marcos Ariel, Carlos Dafé, Carlos Malta, Zé Bigorna, Arnaldo Brandão e Victor Bertrami, entre outros.

A primeira jam session acontece nesta segunda-feira (15), a partir das 19h, e terá Marcos Ariel Trio, Carlos Dafé, Adriano Giffoni, Thais Motta, Arnaldo Brandão, Humberto Barros, Maurício Oliveira, Guta Menezes, Tavinho paes, Jorjão Carvalho, Victor Bertrami e Katia Preta. A entrada custa R$ 50 e o Panqs Pub fica na Rua Muniz Barreto, 548, em Botafogo. A ela se seguirão jams sessions nos dias 22 e 29 de agosto e 12 setembro.

“O tratamento do nosso querido Jamil é caro e esperamos que nossa mobilização possa ajudar esse músico genial de alguma forma nesse momento difícil. Temos vários artistas participando, doando seus cachês. O Jamil está emocionado. Ele não esperava por tanto carinho”, comenta a produtora Mônica Silva, proprietária do Panqs Pub.

Mestre da soul music brasileira, Jamil Joanes dos Santos iniciou a carreira como baixista na Banda Black Rio, grupo de funk e soul formado em meados da década de 1970 com a união de músicos dos conjuntos Dom Salvador e Grupo Abolição e Impacto 8.

Antes de gravar o primeiro disco, o grupo, que teve como maior sucesso o tema “Maria Fumaça”, mesclava o funk a elementos da música de gafieira, o que era uma fórmula de absoluto sucesso nos bailes dançantes do subúrbio. E as linhas de baixo de Jamil em faixas como “Mr. Funky Samba”, de sua autoria, e na versão instrumental do clássico “Na Baixa do Sapateiro” (Ary Barrroso) são simplesmente antológicas. Nesses eventos, a banda contava com dois cantores: Sandra de Sá e Carlos Dafé, ainda desconhecidos do grande público.

A banda tornou-se uma das expoentes de um movimento brasileiro de black music do qual fizeram parte, além de Sandra e Dafé, nomes como Tony Tornado, Don Salvador, Tim Maia, Lady Zú, Gérson King Combo e Cassiano.

Na Black Rio, Jamil dividia o palco  com instrumentistas de primeiro time como Barrosinho, Luiz Carlos Batera, Oberdan Magalhães, Cristóvão Bastos, Lúcio e Cláudio Steverson. Ouçam o maravilhoso álbum do grupo, um disco que figura entre os melhores da nossa música instrumental

Além de sua participação na Black Rio, Jamil esteve numa das formações de outro grupo exponencial de nossa música instrumental: o Som Imaginário. E atuou em shows e estúdio com vários artistas, entre os quais Caetano Veloso, Edu Lobo, Maria Bethânia, Elba Ramalho, Gal Costa, Luiz Melodia, João Bosco, Toots Thielemans e Tim Maia, tornando-se um dos integrantes da banda Vitória Régia. Uma pesquisa no site Discografia Brasileira indica sua participação em 190 álbuns dos mais variados artistas.

A participação mais longeva de Jamil na banda de um grande nome da MPB foi com Gonzaguinha com quem tocou por vários anos até a morte prematura do cantor e compositor em 1991, vítima de um acidente automobilístico.

Um outro grande momento de sua carreira se deu em 1979, ao ser convidado pelo famoso pianista norte-americano George Duke para participar de seu álbum “A Brazilian Love Affair” lançado pela gravadora Columbia. No ano seguinte, participou do Festival MPB Shell, da Rede Globo, no qual defendeu a música “Beatlemania”.

Eclético, em meados da década de 1980 formou um grupo de jazz-rock com Ricardo Silveira (guitarra), Zé Lourenço (teclados), Paul Lieberman (sax), Don Harris (trompete), Sérgio Souza (trombone) e André Tandetta (bateria), que se apresentava frequentemente na extinta boate People.

Desde meados dos anos 2000, Jamil Joanes passou a acompanhar a diva da Bossa Nova e do Jazz, Leny Andrade. E passou a integrar também o grupo Baião de Cinco. Vejam ele em ação com Zé Lourenço:

Doações espontâneas também podem ser feitas diretamente ao músico por pix na chave 143.931.236-20 (CPF). Jamil Joanes é uma entidade da música brasileira. Participem desta homenagem ao grande músico, não somente levando dinheiro, mas unindo-se a uma corrente de amor e solidariedade.

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