John Lennon 80 anos – Como seria nosso mundo com ele aqui?

john lennon

O mundo é um lugar estranho para se viver. Em nosso planeta defender a paz é como pedir para ter sua vida tirada. Foi assim com Mahatma Ghandi, com Martin Luther King e com os nossos Chico Mendes e Marielle Franco. E foi assim com John Winston Lennon, aquele mesmo dos Beatles, aquele mesmo que mudou os rumos da música dos anos 1960 pra cá. Não fosse um monstro em forma de gente e ele estaria conosco celebrando 80 anos. Tomo emprestado o verso do Beto Guedes e pergunto à “estrela amiga por que você não fez a bala parar?” Na impossibilidade de responder como seria um mundo com Lennon ainda entre nós só nos resta celebrar sua música, que segue atemporal e nos ensinando muito ainda. Neste fim de semana inteiro, artistas de todo o planeta vão promover lives em tributo ao genial parceiro de Paul Mccartney, com quem compôs “canções que em nossa memória vão ficar” (olha o Beto Guedes aí de novo).

Várias ações especiais lembram John Lennon 80 anos. A rede britânica BBC criou uma programação especial em que o caçula Sean Ono Lennon entrevista o irmão mais velho Julian, além do parceiro Paul McCartney e Elton John. Com produção executiva de Yoko Ono Lennon e produção de Sean Ono Lennon, foi lançado “Gimme Some Truth”, um box set  com 36 músicas, escolhidas a dedo por Yoko e Sean, que foram totalmente remixadas do zero, atualizando radicalmente sua qualidade sonora. São dois CDs ou quatro LPs Um box com dois CDs (ou na versão de quatro LPs) acaba de ser lançado com 36 gravações remixadas do zero das mais importantes músicas da emblemática (mas pouco badalada) carreira solo do genial criador. A edição comemorativa ainda traz pôster, adesivo e dois cartões-postais.  Na Nova York que Lennon escolheu para viver (e morrer), o Empire State ganhou uma iluminação azul especial com um símbolo da paz em homenagem ao genial artista.Um box com dois CDs (ou na versão de quatro LPs) com as mais importantes músicas da emblemática (mas pouco badalada) carreira solo do genial criador. A edição comemorativa ainda traz pôster, adesivo e dois cartões-postais.  Na Nova York que Lennon escolheu para viver (e morrer), o Empire State ganhou uma iluminação azul especial com um símbolo da paz em homenagem ao genial artista. Ouça o álbum aqui:

Vamos aos tributos. O primeiro, no Teatro Within, acontece anualmente em Nova York, mas com a pandemia será realizado em formato virtual até segunda com as participações de Patti Smith, Jackson Browne e outros artistas. Já o tributo ‘Dear John’ vai contar com a presença de Peter Gabriel, KT Tunstall e Maxi Jazz.

Depois que os Beatles se separaram, em 1970, Lennon iniciou uma carreira solo marcada por muito ativismo político e usou sua arte para levantar ideais pacifistas e travar um diálogo incômodo com a sociedade da época sobre igualdade social. para os negros, as mulheres… sobre o meio ambiente. O criador de “Imagine” foi brutalmente assassinado há 40 anos, mas sua obra segue assustadoramente atual. Ouçam, por exemplo, “Woman is the Nigger of the World”, em que compara a opressão ás mulheres às atrocidades praticadas contra o povo negro. Ou seja, em se tratando de lidar com a hipocrisia humana, estamos todos do mesmo lado:

No famoso álbum “Imagine”, na pouco conhecida “Gimme Some Truth”, John Lennon implora por verdade. “Tudo o que eu quero é a verdade / Apenas me dê um pouco de verdade”.

John Winston Lennon nasceu em plena Segunda Guerra Mundial numa Inglaterra sob incessante bombardeio nazista e sob a liderança de Winston Churchill (daí o prenome que completava o nome do avô materno). O filho de Julia e Alfred Lennon foi apresentado cedo ao mundo da música e das letras. Fã declarado de Elvis Presley e chegou a aprender banjo na infância. Ganhou sua primeira guitarra em 1955, mesmo ano em que formou com amigos da escola a banda, The Quarrymen. Em seguida, conheceria um certo James Paul McCartney, com quem viria a formar uma das parcerias mais famosas da música.

Depois de perder a mãe num atropelamento, passou a beber (muito) e canalizou na música toda a angústia e frustração que um jovem de classe média baixa na portuária Liverpool poderia ter. Em 1960, John e Paul recrutaram para George Harrison e Stuart Sutcliffe e Pete Best para a primeira formação dos Beatles. Durante a famosa turnê na Alemanha que antecedeu a explosão da banda, Sutcliffe – o primeiro baixista decide ficar em Hamburgo e na volta à Inglaterra, Bets é substiuído por Ringo Starr por sugestão do produtor Brian Epstein. O resto é história pra lá de conhecida. Essa fase é muito bem contada no excelente longa metragem “Backbeat”, um ótimo relato de quando os Beatles eram cinco rapazes de Liverpool. O trailer está aqui. Eu recomendo, inclusive pela trilha sonora que mostra o som rock ácido, rasgado e cortante que os garotos faziam na época. Quase punk:

Dizer o quanto John Lennon influenciou a música brasileira caberia em outra postagem, mas quero deixar aqui canções que remetem ao ídolo feitas por dois de seus mais dedicados fãs: Belchior e Beto Guedes. Em “Comentários a Respeito de John”, o bardo cearense dizia com propriedade “Sob a luz / Do teu cigarro na cama / Hum! Hum! / Teu gosto ruge / Teu batom me diz / João! O tempo andou mexendo com a gente sim! / John! Eu não esqueço (Oh No! Oh No!) / A felicidade / É uma arma quente / Quente, quente….

E Beto Guedes, aquele mesmo que com Lô Borges fizeram Milton Nascimento ouvir os Beatles – informação musical fundamental para se compreender a geração do Clube da Esquina – fala de “como um um simples canalha mata um rei e menos de um segundo”, cujos versos citei lá no alto do texto, em “Canção do Novo Mundo:

One thought on “John Lennon 80 anos – Como seria nosso mundo com ele aqui?

  1. John Lennon merece todas as homenagens pelo músico e cidadão do mundo que ele foi. Inspirou e inspira gerações. No próximo dia 08/12 completará 40 anos sem Lennon entre nós. Todos gostaríamos de saber o que ele poderia ter feito nestes outros 40 anos. Creio continuaria sendo um cidadão engajado. Ou talvez entediado com um mundo sem paz?

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