Leila Pinheiro e o público por testemunha

Leila Pinheiro_- Foto: Bruno Lemos

Desde dezembro a cantora Leila Pinheiro vem enchendo casas de espetáculos do Rio com o belo show “Extravios”. A artista vem experimentando, nos últimos anos, lugares novos para a sua voz. E diante do piano, na solidão
do palco e apenas com o público por testemunha, parece ter encontrado a atmosfera ideal para passear pelos mais variados ritmos. Ela se apresenta nesta quinta e sexta, às 19h30, no Teatro Rival Petrobras, encerrando a temporada carioca do show, que tem a direção da atriz Ana Beatriz Nogueira. “Um novo caminho. Eu extraviada e encantada com esse rumo novo por onde tem ido a minha voz e o meu corpo”, define a cantora, pianista e compositora.

“Eu sei que os extravios são necessários, sim. A necessária parte do meu caminho sozinho”. Os versos da canção “Extravios” (Dalto e Antônio Cícero) e o sentimento de seguir numa outra direção, serviram de inspiração para o show de Leila Pinheiro. Tendo em alguns números o acompanhamento de João Felippe no cavaco de cinco cordas, Leila Pinheiro traz ao público um repertório de interpretações diferentes das habituais que recebem um timbre situado no médio-grave de sua voz.

Ana Beatriz sugeriu e Leila aprovou o formato intimista, teatral e poético – um legítimo recital – embalado por canções como a valsa instrumental de Leila, “Dorotéia”, que abre o espetáculo; “Para um Amor no Recife” (de Paulinho da Viola); “Só de Você” (Rita Lee e Roberto de Carvalho); “Blues para Bia” (Chico Buarque), “Vivo a Sorrir” (Adriana Calcanhoto)“, “Chuva, Suor e Cerveja” (Caetano Veloso), entre tantas outras, intercaladas por pequenas citações de poemas de Hilda Hilst e Cecilia Meirelles.

Relação de confiança

“É um show pensado pela Ana Beatriz e roteirizado por nós duas. Um mar de belas canções que foram se complementando e montando esse texto – de teatro. A Ana Beatriz é essa atriz gigante que eu conheço, admiro e respeito tanto. Termos essa relação de confiança foi fundamental. ‘Extravios’ é, de fato, uma nova forma de me colocar no palco, de me envolver nas canções. Isso fica bem claro para o público”, atesta a cantora.

Também foi sugestão de Ana Beatriz a parceria com o músico convidado, o jovem e premiado João Felippe. “Certa vez, num encontro de amigos, vi a Leila e o João improvisarem uma canção juntos. Fiquei tão encantada com a química deles… Foi a primeira pessoa em quem pensei para acompanhá-la nesse novo caminho”, explica a diretora.

“Extravios” traz ainda composições de Dolores Duran, da jovem portuguesa Luísa Sobral, de Tom Jobim, de Zé Miguel Wisnik, e de Moreno Veloso, entre outros. Veja aqui a versão de Leila para “Mais Simples” (José Miguel Wisnik), que tornou-se sucesso na voz de Zizi Possi.

Destaque em festival

Leila despontou no cenário musical em 1985 quando ficou em terceiro lugar no Festival dos Festivais com a canção
“Verde” (Eduardo Gudin e José Carlos Costa Netto). Eleita a cantora revelação do festival, gravou na sequência importantes trabalhos como “Benção, Bossa Nova” (1989), que celebrou as três décadas do gênero carioca ao lado de um de seus criadores, o violonista e compositor Roberto Menescal, Depois vieram “Coisas do Brasil” (1993), produzido pelo pianista Cesar Camargo Mariano, e “Catavento e Girassol” (1996), dedicado às parcerias de Guinga e Aldir Blanc.

Artistas como Tom Jobim, Chico Buarque, Toninho Horta, o guitarrista americano Pat Metheny e os pianistas
e compositores Francis Hime, Ivan Lins e João Donato participaram dos trabalhos da cantora, que já somam
19 CDs e três DVDs desde o álbum de estreia, “Leila Pinheiro”, de 1983.

Serviço
Extravios – Leila Pinheiro
Teatro Rival Petrobras (Rua Álvaro Alvim, 33 – Cinelândia)
4 e 5/7, às 19h30. Ongresos: R$ 80 e R$ 40,00.

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