Leo Gandelman promove encontros inéditos no CCBB

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Em 2012 o saxofonista Leo Gandelman e o produtor Pablo Castellar promoveram no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB) o projeto Quadrilátero. Eram quatro dias de apresentações, quatro encontros inéditos de músicos e quatro famílias de instrumentos. Na retomada gradual de atividades no espaço, o Quadrilátero retorna em 2021, marcando o reencontro de grandes instrumentistas com o público, ainda que em capacidade reduzida. A estreia será nesta quarta (24) no CCBB Rio, a partir das 18h.

A cada apresentação – 24 de fevereiro e 3, 10 e 17 de março – quartetos de diferentes famílias de instrumentos ganham destaque. Os convidados da primeira noite são Pretinho da Serrinha, Robertinho Silva, Marcos Suzano e Marcelo Costa, todos percussionistas.

Pretinho da Serrinha fará parte do quarteto de percussão com Robertinho Silva, Marcelo Costa e Marcos Suzano - Foto: Divulgação
Pretinho da Serrinha fará parte do quarteto de percussão com Robertinho Silva, Marcelo Costa e Marcos Suzano – Foto: Divulgação

“A coisa que mais me atraiu ao ser convidado para participar do Quadrilátero foi o próprio convite do Leo Gandelman e depois que ele foi dizendo os outros nomes do naipe de percussão, tudo mestre. Então a isca já havia sido jogada e mordida. Somos quatro percussionistas de origens muito diferentes e isso reflete as grandes escolas rítmicas regionais de nossa música”, destaca Pretinho, um mestre do samba e do jongo.

Além de idealizador do projeto, Leo Gandelman fará participação especial com os quartetos formados. “Vai ser um grande barato voltar a tocar junto com tantos colegas talentosos e, é claro, seguindo à risca todos os protocolos de saúde que envolvem um encontro presencial como esse, pois a saúde é prioridade”, diz o músico que se escalou para o encontro seguinte: um quarteto de saxofonistas que vai reunir no dia 3 de março Mauro Senise, Nivaldo Ornellas e Zé Bigorna.

Mauro Senise é presença confirmada no quarteto de saxofones tocando ao lado de Leo Gandelman, Nivaldo Ornelas e Zé Bigorna – Foto: Ana Luisa Marinho

“Estou muito empolgado com esse naipe de saxofones quer estamos formando. Pelo fato de tocarmos o mesmo instrumento e sermos solistas são raras as oportunidades de estarmos juntos num mesmo palco. Não tenho dúvidas de que este e os demais encontros promovidos nesta edição do Quadrilátero serão bem intensos”, acredita o músico. “Agora tenho a chance de tocar com o Leo, o Nivaldo e o Zé Bigorna, músicos de quem sou fã. Vai ser uma delícia. E tem o barato de tocar junto, que é muito diferente do que estávamos fazendo desde o início da pandemia, essa rotina de estudar, tocar sozinho”, concorda Mauro Senise que, em seu número solo, deve mostrar temas do álbum “Rapaz de Bem” (2020), dedicado à obra de Johnny Alf.

No dia 10 é a vez dos instrumentos de corda, tão tradicionais na música brasileira, mostrarem seu valor. Henrique Cazes (cavaquinho), Rogério Caetano (violão de cordas de aço), Luis Barcelos (bandolim) e João Camarero (violão de cordas de nylon) serão as atrações. “Essa proposta do Quadrilátero tem uma missão importante: na história da música brasileira, em particular do violão, se estabeleceu uma espécie de apartheid a partir do advento da Bossa Nova. De um lado ficaram os acordes dissonantes propostos pelos instrumentos de corda de nylon; do outro, o típico violão dos regionais, da corda de aço. Por muito tempo esses mundos não se encontravam e nossa formação no Quadrilátero promove essa comunhão, essa reconciliação”, elogia Cazes que, além de virtuose no cavaquinho, é um grande pesquisador da nossa música.

Henrique Cazes: satisfação de ser o decano numa turma que inclui Luis Barcelos, João Camarero e Rogério Caetano – Foto: Divulgação

Cazes também revela felicidade por tocar com músicos mais novos. “Quando comecei a tocar eu era sempre o mais novo das rodas, dos grupos e agora nesta versão do Quadrilátero sou ou mais velho. O Radamés Gnatalli sempre preferia tocar com os músicos mais novos. Às vezes, a gente sugeria chamar um ou outro colega e ele respondia: ‘Ah, ele é velho!’. Acho que herdei essa predileção dele, pois me sinto muito bem tocando com gente mais nova e gosto de trabalhar com pessoas as pessoas com quem tem tenho mais intimidade. Então tocar nas rodas de samba e choro ajuda muito a obter esse entrosamento, que a gente acaba levando para os palcos, para o estúdio”, completa Cazes.

A violinista Carla Rincón terá a companhia de Janaína Salles, Ina Kurrels e Jocelynne Cárdenas – Foto: Divulgação

Fechando a temporada do Quadrilátero no CCBB Rio, no 17 de março é a vez do quarteto de cordas de arco, ou seja, os instrumentos das formações camerísticas e sinfônicas, com Janaina Salles (violoncelo), Carla Rincon (violino), Ina Kurrels (violino) e Jocelynne Cárdenas (viola). “Aproveitaremos a oportunidade para prestar homenagem a dois grandes compositores: Radamés Gnatalli, pelos 115 anos de seu nascimento, e o centenário de Astor Piazzolla”, antecipa Carla Rincón. “Estou ansiosa e sinto o sangue correndo nas veias. No quarteto de cordas com arco estarei acompanhada de musicistas com quem já toquei, mas em separado. Essa formação é inédita para nós”, destaca.

“Estamos provocando encontros de músicos que nunca tocaram juntos e estão todos felizes com o projeto. É um encontro de confiança e confiança é fundamental para a música fluir”, diz Gandelman.

“A partir de junho, os shows seguem para São Paulo, Belo Horizonte e Brasília. Em todas as praças, serão adotados rígidos protocolos de segurança sanitária para músicos, público e profissionais envolvidos”, reforça Pablo Castellar.

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