Nova rota de voo do Barão Vermelho

Ter o instinto de sobrevivência em seu DNA não é atributo de qualquer banda, ainda mais se por ela passaram integrantes com página cativa na história do rock brasileiro como Cazuza e Frejat. Desde o ano passado com Rodrigo Suricato nos vocais, o Barão Vermelho decolou rumo aos quatro cantos do país para abastecer a aeronave com fluídos do público e entrosar a nova tripulação. E só nesta sexta (27) vai apresentar no Circo Voador a primeira carta de voo, ops a composição, desta nova fase. Trata-se de A Solidão Te Engole Vivo, single do álbum que o quarteto prepara para lançar no primeiro semestre do próximo ano.

Composta por Guto Goffi, Fernando Magalhães e Maurício Barros (que também assina a produção musical), a inédita soa como uma palavra de ordem para ninguém largar a mão de ninguém em tempos bicudos: “Ao lado dos amigos, / escapo de qualquer perigo / e se você deixar, / a solidão te engole vivo”, diz a letra. “‘Solidão’ tem um cara de Barão pra trás e, ao mesmo tempo, de Barão pra frente”, filosofa o guitarrista Fernando Magalhães.

“Eu sempre fui Barão; eles é que não sabiam”

E este Barão para frente ou para os céus, como convém a uma banda com nome de aviador, passa pela presença do novo vocal. “Eu já disse para eles que eu sempre fui Barão; eles é que não sabiam. Só saio daqui quando o Frejat voltar”,diverte-se Rodrigo que, em seu primeiro ensaio com a banda, cantou e tocou 19 músicas praticamente sem interrupções. “Ele conhecia tudo, as letras, os solos… Parecia estar na banda há mais tempo do que nós”, exagera Fernando.

O fato é que desde que se projetou no mercado com sua banda, a, a Suricato através de um reality show, o cantor e compositor revelava-se um entusiasmado fã ao ponto de não só tocar o hit Pro Dia Nascer Feliz como estender no palco uma faixa com os dizeres “Volta, Barão”. Foi conduzido ao grupo pelas mão de Maurício barros, de quem é amigo. “Rolou a sensação de que a gente se conhecia há muito tempo. Musicalmente, frequentamos os mesmo lugares. E já era muito fã da banda”, afirma, acrescentando que uma das condições para aceitar o convite era dar sequência à sua carreira solo com a Suricato. O fato de terem o mesmo empresário facilita as coisas.

Foi do novo vocalista a ideia de pegar a estrada primeiro antes de compor. “O Rodrigo tem uma frase que que resume bem a situação: ‘vamos namorar primeiro pra depois fazer um filho’. E a gente precisava ter essa interação com ele, porque uma coisa é sair em turnê e outra é compor”, explica Fernando, rebatendo as críticas recebidas na época. “O Barão sempre foi uma banda live, de concertos, ao longo de toda a trajetória. E continuamos sendo. O Rodrigo precisava entrar nesse clima”, justifica o guitarrista.

Repertório do novo CD já está definido

Antes do lançamento do CD, outro single será lançado. “Começamos a compor ao longo da turnê. Fomos pro estúdio, mas ainda tem coisas para serem gravadas, partes de canções. Em alguns casos, músicas inteiras. mas o repertório já está definido, em torno de dez canções”, conta Fernando. Suricato não assinou a primeira o single, mas se sente co-autor. “Dei meus pitacos no arranjo. A gente sempre influi no trabalho como um tido. É a razão de ser de uma banda. Me sinto dono dela também”, diz o cantor, que deverá assinar cinco canções no novo álbum, duas só suas. “O Barão sempre teve foco nas letras e nos riffs, nos solos de guitarra, e por isso sempre soou tão homogêneo. Minha veia, assim como a do Maurício é um pouco mais pop. Esse trabalho vai vir com aquela acidez do Barão Vermelho mas também vem com refrões”, antecipa.

Dos shows realizados até gora, Rodrigo constatou uma retomada de interesse do público em relação à banda, uma plateia rejuvenescida. “Considerando o último disco da banda, o fã tradicional do Barão, aquele cara que acompanha e é fiel, está na faixa dos 35 anos. Mas essa garotada que está indo aos shows é bem mais nova e sequer sabem que Cazuza ou Frejat fizeram parte da banda e tampouco que ela tem 36 anos de estrada. É como se tivesse zerado o jogo”, teoriza. Mas o desconhecimento termina depois de alguns acordes dos principais sucessos da banda. “Eles acabam se deparando com músicas poderosas, que não pertencem mais ao Barão: fazem parte do cancioneiro brasileiro”, completa.

Mas além do percurso voado, Rodrigo traça o plano de voo em novas direções. “O Guto, o Maurício e o Fernandão têm várias canções. São baita músicos. Privar o público de conhecer o trabalho deles é um erro. Demorou demais (a retomada da banda). Já deveriam estar na estrada há mais tempo”, comenta em sintonia com os primeiros versos de “A solidão te engole vivo”: “Da amizade quero muito / Tudo que puder sonhar / Para encontrarmos juntos / Direção pra caminhar / Por que andar tão só, não é justo”, que você ouve aqui:

 

Serviço

BARÃO VERMELHO
Circo Voador (Arcos da Lapa s/nº – Tel: 2533-0354 ramal 22)
28/12 – 23h – ingressos: 1º lote: R$ 100 e R$ 50; 2º lote: R$ 120 e R$ 60

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