O Arranjo – Chega de Saudade

A capa de 'Chega de Saudade', de João Gilberto, marco zero da Bossa Nova e cartão de visitas de César Villela - Foto: Reprodução

Por Flávio Mendes

Lá pelo meio do século XX o movimento de modernização da música brasileira estava praticamente concluído. Muitos grandes nomes como Noel Rosa, Ary Barroso, Custódio Mesquita, Dorival Caymmi, entre outros, já vinham desde os anos 1930 sofisticando a nossa música. Nos anos 50 nomes como Garoto, Johnny Alf, Dick Farney e Tom Jobim eram extremamente modernos e antenados com a melhor música do mundo. Faltava o estopim para a revolução acontecer. E o estopim foi o baiano de Juazeiro chamado João Gilberto. Ele sintetizou na sua levada de violão todas as síncopes do samba, e mostrou uma nova forma de cantar, sem vibratos e exageros vocais. Jobim foi o primeiro a perceber que aquela batida fazia tudo virar moderno, novo, e convidou João para gravar no disco que ele produzia para Elizeth Cardoso com as suas parcerias com Vinícius de Moraes. Foi a primeira vez em que se registrou em disco aquela batida. Mas a revolução só veio mesmo quando João Gilberto gravou “Chega de Saudade”. A partir daí a música brasileira (e, sem exageros, a música ocidental) mudou pra sempre. Nesse primeiro episódio da série O Arranjo eu comento essa gravação, com arranjo do maestro soberano Antônio Carlos Jobim.

 

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