Nos verbetes de dicionário, o conceito de cultura é o “conjunto de conhecimentos, costumes, crenças, padrões de comportamento, adquiridos e transmitidos socialmente, que caracterizam um grupo social”. Em tempos como os que estamos vivendo, essa definição acadêmica ganha novos significados como, por exemplo, a resistência. As manifestações culturais precisam se manter para garantir a expressão dos atores sociais e a diversidade de nossos tecidos sociais. Todos precisam ser respeitados e, acima de tudo, incluídos. E este é o fio condutor de eventos como o Presença Festival que vai reunir diversas atrações neste fim de semana em três palcos diferentes do Rio: Circo Voador nesta sexta (29), o Teatro Rival Refit no sábado (30) e o Centro de Movimento Deborah Colker no domingo (1).
O evento, idealizado pelo produtor José Menna Barreto e pela Araucária Agência Cultural e com curadoria de Dandara Mariana e Caio Braz, reúne um time expressivo de artistas do eixo Rio-São Paulo. E ainda vai rolar uma promoção: as 200 primeiras pessoas que chegarem ao Circo Voador com ingressos do filme “Medida Provisória”, de Lázaro Ramos, ganham cortesia para o festival.
A DJ Tamy Reis, expoente da cultura black music carioca, abre a noite no Circo Voador (Rua dos Arcos s/nº – Lapa), que abre sues portões a partir das 21h. Em seguida, a potência baiana Larissa Luz faz o primeiro ato dos shows, mostrando o seu novo trabalho “Deusa Dulov (Vol. 1)”, centrado nas relações afetuosas e amorosas, principalmente as afrocentradas. Headliner da noite, o cantor Rincon Sapiência mostrará o seu novo trabalho “O Peso das Barras” com a participação de Tássia Reis.
O encerramento da noite será com o Samba Que Elas Querem, roda organizada por mulheres musicistas que nasceu de um desejo de protagonizar o sexo feminino no cenário do samba carioca, um universo historicamente machista mas que, felizmente, se abra para a arte e graça das minas. O show terá participação especial das atrizes Dandara Mariana e Jéssica Ellen. Nos intervalos, o coletivo artístico-literário Slam das Minas promoverá batalha de poesia.
Além da música, haverá exposição de fotografias do “Projeto Identidade”, apresentado pelo BNY Mellon. Idealizada pela atriz Noemia Oliveira e pelo ator Orlando Caldeira, a exposição mostra a importância da representatividade, criando versões negras de ícones culturais, que vão desde Kill Bill até Rapunzel. Entre os modelos nas fotos é possível reconhecer diversos nomes como Sheron Menezzes, Juliana Alves e Erika Januza.
Após a abertura no Circo, o festival ruma no sábado para o Rival Refit (R. Álvaro Alvim, 45 – Cinelândia) onde acontece, a partir das 21h, o Presença Ferve BallRoom com o tema “Disco Elegance Mainstream Ball”. A ideia é destacar a cultura ballroom, mostrando que ela não é apenas uma cultura de performances underground, mas um ato político de resistência e celebração da diversidade.
O movimento ballroom surgiu na comunidade negra latino-americana LGBTQIA+ da Nova York dos anos 1960 e se espalhou pelo mundo como um movimento político, de ocupação de espaços e de celebração a diversidade de gênero, sexualidade e raça.
As balls são também competições, onde dançarinos e performers competem entre si em diversas categorias, em busca de premiações e títulos. O Presença Ferve BallRoom vai contar com performances e apresentações dos DJs Gui Serrano, Pambelli e Fernanda Fox. A noite terá ainda uma atração principal: o show da cantora Urias.
E para o Centro de Movimento Deborah Colker (Praça Santos Dumont, 2 – Gávea) neste domingo (1) estão programadas várias atividades gratuitas ao longo do dia como apresentações de dança, oficinas literárias e exibição de curtas e exposições, além de uma feira de arte e gastronomia.
