Em tempos difíceis em que o rock e alguns de seus expoentes flertam com discursos autoritários é confortante ouvir acordes dissonantes como os do cantor, compositor e guitarrista e mineiro Rubah em seu segundo EP “Libertad”. Durante a quarentena, o artista levou suas influências do punk e do hardcore reinventar canções de Lucio Battisti (Itália), Rodrigo Gonzalez (México), Silvio Rodriguez (Cuba) e da banda La Renga (Argentina).
“São músicas que compõem o meu gosto musical para além do rock. Gosto muito delas em suas versões originais, e estes artistas têm em comum a rebeldia, a estética inovadora e a liberdade como princípio. O resultado me surpreendeu no sentido de que percebi no final uma influência do rock, blues e indie rock dos anos 70 que não percebia no cotidiano”, revela.
A busca de olhar global sobre problemas pessoais e singularmente humanos é uma preocupação de Rubah. “Este trabalho tem o desafio de colocar minha identidade musical, em canções que gosto do ponto de vista harmônico, estético, histórico, das letras e trazer uma homenagem aos trabalhadores dos países onde foram compostas como forma de mensagem positiva – que apesar deste momento ruim, estamos vivos e seremos melhores no futuro”, comenta, ao falar do novo trabalho que você ouve aquiem episódio do podcast Faixa a Faixa com os comentários de Rubah para cada canção do álbum. “Libertad” foi produzido pelo próprio Rubah, com mixagem e masterização de Jorge Guerreiro, e participação dos músicos Rone Gomes de Freitas (guitarra), Lucas Junio (baixo) e Lucas Nunes (bateria):
Rubah é o nome artístico de Edgard Leite de Oliveira. O batismo é atribuído ao apelido dado por uma amiga iraniana que disse que ele teria rosto de rubah. Essa é uma palavra usada em alguns países da África e da Ásia referindo-se a lobos e cães de caça. Rubah foi vocalista e fundador da banda Misericore no fim dos anos 90, tendo gravado dois álbuns: “Cidadão Perfeito” (2001) e “Misericore” (2004). Também foi vocalista da M.E.KA. e baixista da DOPS, entre 2012 a 2015. Em 2019, partiu para carreira solo. Seu EP de estreia, “Encruzilhada”, teve voz, baixo e guitarra gravados no estúdio Delirio Graba em Buenos Aires, sob a direção musical com Ivan Caplan, produtor destacado por trabalhos no rock argentino.